UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CAÇAPAVA DO SUL
Baseado na Obra
CONSTRUINDO O CONHECIMENTO PELA PESQUISA
Orientação básica
para elaboração de trabalhos científicos.
de
Alzira Elaine Melo
Leal e Carlos Eduardo Gerzson de Souza
1 - A PESQUISA E SUAS
CLASSIFICAÇÕES
A
Metodologia tem como função introduzir o acadêmico na temática da construção,
sistematização e comunicação do conhecimento, de maneira a prepará-lo para
participar do processo de produção
científica, mostrando-lhe como trilhar o caminho da pesquisa, ajudando-o a
refletir e o instigando a um novo olhar sobre o mundo: um olhar curioso,
indagador e criativo.
A
elaboração de um projeto de pesquisa e o desenvolvimento da própria pesquisa
seja ela uma monografia,
dissertação, tese, ou até mesmo um artigo, necessitam, para que seus resultados
sejam satisfatórios, estar alicerçados em planejamento
cuidadoso, em reflexões conceituais sólidas e fundamentados em
conhecimentos já existentes.
Pesquisar
é um trabalho que envolve um planejamento semelhante ao de um engenheiro. Ao
elaborar uma planta, este precisa saber o que quer fazer, obter os dados,
assegurar-se de que possui os materiais necessários e cumprir as etapas requeridas no processo. Um
projeto será satisfatório na medida do envolvimento do pesquisador no ato de
construir e no emprego de suas habilidades técnicas em sua execução. O sucesso
de uma pesquisa também depende do procedimento seguido, do envolvimento com a
pesquisa e da habilidade de escolher o caminho para atingir os objetivos
propostos.
A
pesquisa é um trabalho em processo não totalmente controlável ou previsível.
Adotar uma metodologia significa escolher
um caminho. O percurso, muitas vezes, requer ser reinventado a cada etapa.
Precisa, portanto, não somente de regras e sim de muita criatividade e
imaginação.
1.1 –
O QUE É PESQUISA?
Esta
pergunta pode ser respondida de múltiplas formas:
-
Pesquisar significa procurar respostas para as
indagações propostas;
-
É a investigação ou busca minuciosa para
averiguação da realidade;
-
É o estudo sistemático de um determinado campo
do conhecimento, cuja finalidade é a descoberta de algo novo, ou a ampliação de
dados já registrados na literatura;
-
É a atividade cotidiana, um questionamento
sistemático, crítico e criativo, em diálogo permanente com a realidade em
sentido teórico e prático;
-
É um processo formal e sistemático de
desenvolvimento do método, com o objetivo fundamental de descobrir respostas
para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos;
Logo,
conclui-se que pesquisa é um conjunto de
ações propostas para encontrar a solução para um problema, e têm por base
procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um
problema e não se têm informações para solucioná-lo.
Resumindo,
pesquisa é um conjunto de investigações e operações que objetiva descobrir
novos conhecimentos ou melhorar e aprimorar conhecimentos já existentes.
1.2 –
CLASSIFICAÇÕES DAS PESQUISAS
Existem
várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de classificação
são apresentadas a seguir:
1.2.1
– Quanto à
natureza
Pesquisa Pura, Básica
ou Teórica - Objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da
ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais. Não tem por finalidade a utilização prática, mas contribui para o
avanço do conhecimento da teoria estudada. Ex.: A origem do Universo.
Pesquisa Aplicada ou Prática - Busca
gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas
específicos. Envolve verdades e interesses locais. Portanto, é desenvolvida
tendo–se em vista sua utilização. Ex.: A busca de uma vacina contra a AIDS.
Ao
contrário do que se pensa, a pesquisa aplicada depende da pesquisa pura, de natureza teórica. Sem o
desenvolvimento de conhecimento conceitual avançado pouco se pode fazer para
transformar este saber em uma determinada aplicação tecnológica demandada pela
sociedade.
1.2.2
– Quanto à
forma de abordagem do problema
Pesquisa Quantitativa - Considera que
tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las.
Requer o uso de recursos e técnicas estatísticas (porcentagem, média, mediana,
desvio-padrão, coeficientes de correlação, análise de regressão, etc.).
A
pesquisa quantitativa é mais adequada para apurar opiniões e atitudes
explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utiliza instrumentos
estruturados (questionários). Deve ser representativa de um determinado
universo de modo que seus dados possam ser generalizados de projetados para
aquele universo.
A
pesquisa quantitativa permite dimensionar mercados, conhecer os perfis
demográficos, sociais e econômicos de uma população, entre outras
possibilidades; realizada a partir de entrevistas individuais, apoiada em um
questionário impresso ou eletrônico, é conduzida por um entrevistador ou
através de autopreenchimento.
Em
todo pesquisa quantitativa, sem exceção, torna-se necessário calcular a margem
de erro para o grau de confiança que se pretende. Assim, o cliente pode tomar
as suas decisões com a segurança desejada.
Pesquisa Qualitativa - Considera que há
uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode
ser traduzido em números. A
interpretação dos fenômenos e a atribuição dos significados são básicas no
processo de pesquisa qualitativa. Ela não requer o uso de métodos de técnicas
estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva e os pesquisadores tendem a analisar
seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais
de abordagem.
A
pesquisa qualitativa, que envolve ouvir as pessoas, o que elas têm a dizer,
explorando suas idéias e preocupações sobre determinado assunto, analisa os
temas em seu cenário natural, buscando interpretá-los em termos do significado
assumido pelos indivíduos. Para isso, utiliza se uma abordagem holística que
preserva a complexidade do comportamento humano.
1.2.3 – Quanto aos Objetivos
Pesquisa exploratória - Visa
proporcionar maior familiaridade com o problema objetivando torná-lo explícito
ou construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiverem experiências
práticas com o problema pesquisado, análise de exemplos que estimulem a
compreensão.
A
pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e idéias, visando à formulação de problemas mais precisos
ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.
Embora
o planejamento da pesquisa exploratória seja flexível, na maioria dos casos
assume a forma de pesquisa bibliográfica
ou estudo de caso.
Na
maioria das vezes, a pesquisa exploratória constitui a primeira etapa de uma
investigação mais ampla. Quando o tema é bastante genérico, torna-se necessário
seu esclarecimento e delimitação, o
que exige revisão da literatura, discussão com especialistas e outros
procedimentos. O produto final desse processo passa a ser um problema mais
esclarecido passível de investigação mediante procedimentos mais
sistematizados.
Pesquisa Descritiva – Busca descrever
as características de determinada população, ou fenômeno, ou o estabelecimento
de relações entre variáveis.
Na
pesquisa descritiva, os fatos são observados, registrados, analisados,
classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles. Isso
quer dizer que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.
Podem-se
citar, como exemplos, aquelas que têm por objetivo estudar as características
de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de
escolaridade, estado de saúde física e mental; as que se propõem a estudar o
nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de
habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade; aquelas que têm por
objetivo levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população, bem como
descobrir a existência de associações entre variáveis, como por exemplo, as
pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência
político-partidária e nível de rendimento e/ou escolaridade. Uma das
características mais significativas da pesquisa descritiva é a utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a
observação sistemática.
Pesquisa Explicativa – É mais complexa
porque, além de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos
estudados, tem como preocupação central identificar seus fatores determinantes.
Este tipo de pesquisa é o que mais aprofunda o conhecimento da realidade,
porquanto explica a razão, o porquê
das coisas e, portanto, está mais sujeita a erros. São os resultados das
pesquisas explicativas que fundamentam o conhecimento científico.
A
maioria das pesquisas explicativas utiliza o método experimental que
possibilita a manipulação e o controle das variáveis, no intuito de identificar
qual a variável independente que determina a causa da variável dependente, ou o
fenômeno de estudo.
1.2.4 – Quanto aos procedimentos técnicos
Pesquisa Bibliográfica – É aquela
elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de
livros, artigos de periódicos e atualmente material disponibilizado na
Internet.
Consiste
em apresentar e comentar o que outros autores escreveram sobre o tema,
enfatizando as diferenças ou semelhanças que existem entre os conceitos. É
comum e mesmo desejável aparecerem citações literais de autores que falam sobre
o assunto. As citações devem seguir as regras propostas pela ABNT.
A
pesquisa bibliográfica constitui-se do ato de ler, selecionar, fichar,
organizar e arquivar tópicos de interesse para a pesquisa em pauta. É a base
para as demais pesquisas e pode-se dizer que é uma constante na vida de quem se
propõe a pesquisar.
Pesquisa Documental – Como o próprio
nome diz, elabora-se através de materiais que não receberam tratamento
analítico. (documentos em geral).
A
pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A pesquisa
bibliográfica utiliza-se fundamentalmente das contribuições dos diversos
autores sobre determinado assunto, enquanto a pesquisa documental utiliza-se de
documentos de primeira mão, tais como documentos conservados em órgãos públicos
e instituições privadas.
Pesquisa Experimental – É aquela em que
se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis capazes de
influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que
a variável produz no objeto.
A
pesquisa experimental procura entender de que modo, ou por que causas, o
fenômeno é produzido. Para atingir os resultados, o pesquisador usa aparelhos e
instrumentos que a técnica moderna coloca ao seu alcance, lança mão de
procedimentos apropriados e capazes de tornar perceptíveis as relações
existentes entre as variáveis envolvidas no objeto de estudo.
Estudo de Caso – O estudo de caso não é
uma técnica específica. É uma análise intensiva de uma situação particular.
A
preferência pelo uso do Estudo de Caso deve ser dada onde é possível fazer
observações diretas e entrevistas sistemáticas.
Caracteriza-se
pela capacidade de lidar com uma completa variedade de evidências tais como: dados,
documentos, artefatos, entrevistas e observações, e mediante comparação baseada
na pesquisa bibliográfica, permite traçar um diagnóstico, dar um parecer, tirar
uma conclusão.
O
objetivo principal dessa modalidade de pesquisa é o mesmo da pesquisa
experimental: verificar a existência de relações entre variáveis. Seu
planejamento também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença mais
importante entre as duas modalidades desta no fato de que, na pesquisa ex-post-facto, o pesquisador não dispõe
de controle sobre a variável independente que constitui o fator presumível do
fenômeno, porque ele já ocorreu. O que o pesquisador procura fazer neste tipo
de pesquisa é identificar situações que se desenvolveram naturalmente e
trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles.
Apesar
das semelhanças com a pesquisa experimental, o delineamento ex-post-facto não garante que as
conclusões relativas a relações do tipo cauda-efeito sejam totalmente seguras.
Pesquisa-Ação – Quando concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
No
processo da pesquisa-ação, os pesquisadores devem recorrer a métodos e técnicas
de grupo para lidar com a dimensão coletiva da investigação, além de técnicas
de registro, de processamento e de exposição dos resultados.
Portanto,
deve ser preocupação dos pesquisadores a pesquisa teórica, a organização de
seminários, a seleção de métodos e das técnicas de pesquisa de campo, a
organização dos instrumentos, a aplicação dos instrumentos, o cotejar do saber
formal dos especialistas com o saber informal dos usuários.
Pesquisa Participante – É a pesquisa
que se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das
situações investigadas.
Alguns
autores apresentam pesquisa-ação e pesquisa participante como sinônimos.
Entretanto, enquanto que a pesquisa ação é especialmente centrada na ação, a
pesquisa participante esta comprometida com a redução da relação entre
dirigente e dirigidos, logo, centra-se nas relações político-sociais que abrem
o espaço para a participação.
A
pesquisa participante envolve, além da participação e observação direta, a
análise documental, a entrevista, enfim, todo um conjunto de técnicas
metodológicas que abrem espaço para o envolvimento dos participantes no
processo de investigação.
1.3 –
O PLANEJAMENTO DA PESQUISA
Pesquisa
é a construção de conhecimento original de acordo com certas exigências
científicas. Para que o estudo seja considerado científico deve-se obedecer aos
critérios de coerência, consistência, originalidade e objetivação. Para a
realização de uma pesquisa científica é imprescindível:
a)
A existência de uma pergunta que se deseja responder;
b)
A elaboração de um conjunto de passos que permitam
chegar à resposta;
c)
A indicação do grau de confiabilidade na resposta
obtida.
O planejamento de uma pesquisa
depende basicamente de três fases:
- Fase decisória – refere-se à escolha do tema, à definição e à delimitação do problema de pesquisa;
- Fase construtiva – volta-se para a construção de um plano de pesquisa e à execução da pesquisa propriamente dita;
- Fase redacional – envolve-se com a análise dos dados e informações obtidas na fase construtiva. É a organização das idéias de forma sistematizada visando à elaboração do relatório final. A apresentação do relatório de pesquisa deve obedecer às formalidades requeridas pelo meio acadêmico.
Realizar
uma pesquisa com rigor científico pressupõe que você escolha um tema e defina
um problema para ser investigado, elabore um plano de trabalho e, após sua
execução operacional, escreva um relatório final e este seja apresentado de
forma planejada, ordenada, lógica e conclusiva.
2 - MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
2.1 – MÉTODO CIENTÍFICO
A
pesquisa científica fundamenta-se em três pressupostos básicos:
a)
Epistemologia
(Estudo do conhecimento) – grau de certeza do conhecimento científico é a âncora
do fato ou fenômeno a ser investigado, a partir do corpo teórico existente, no
qual se incluem subsídios advindos das diversas áreas do conhecimento com suas
leis científicas, teorias, axiomas, princípios, escolas, correntes, etc.;
b)
Procedimentos
– representando a metodologia, o caminho a ser percorrido para se atingir os
objetivos previamente estabelecidos;
c)
Aspectos de
normalização – de que trata a Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT, com suas diversas NBRs, e dos requisitos da língua portuguesa,
caracterizando-se o texto pela objetividade, clareza, coesão, consistência,
imparcialidade.
Método
científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devem ser
empregados na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de
pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são:
dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
2.2 – TIPOS DE MÉTODOS
Entre
os tipos de métodos mais comumente usados em trabalhos acadêmicos, citam-se:
indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo, dialético, histórico, comparativo,
fenomenológico e outros.
2.2.1 – Indutivo
Galileu
foi o precursor desse método através do qual se chega a uma lei geral por
intermédio da observação de certo número de casos particulares. A indução é um
método válido, porém não é infalível.
Apesar
das grandes discussões levantadas no século XIX sobre o assunto, a indução é o
método científico por excelência e, por isso mesmo, é o método fundamental das
ciências naturais e sociais. Eis um exemplo de método indutivo:
Terra,
Marte, Vênus e Júpiter são desprovidos de luz própria.
Ora,
Terra, Marte, Vênus e Júpiter são todos planetas.
Logo,
todos os planetas são desprovidos de luz própria.
No
raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da
realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de
generalizações.
2.2.2 – Dedutivo
O
método dedutivo leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca
margem de erro; por outro lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não
pode exceder as premissas.
A
dedução é um recurso metodológico em que a racionalização ou combinação de
idéias em sentido interpretativo vale mais do que a experimentação. Pode-se
dizer que é o raciocínio que caminha do geral para o particular. Exemplo de
método dedutivo:
Todo
mamífero tem um coração.
Ora,
todos os cães são mamíferos.
Logo,
todos os cães têm um coração.
Os
dois tipos de métodos até aqui esboçados têm funções diversas, no dedutivo
busca-se explicitar o conteúdo das premissas; no indutivo procura-se ampliar o
alcance dos conhecimentos.
2.2.3 – Hipotético-dedutivo
É
o método que se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da
qual formula hipóteses e, pelo processo de inferências dedutivas, testa-se a
predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese.
“(...)
desencadeia-se a partir da percepção de uma lacuna nos conhecimentos
científicos produzidos em uma
determinada área até aquele momento, em função da qual se formula novas
hipóteses. Em seguida, através do processo de inferência dedutiva, testa-se as hipóteses”.
(FERREIRA, 1998, p.96).
Para
Popper (1993), este método constitui-se no caminho para se chegar ao
conhecimento, passando pelas seguintes etapas:
-
formulação do problema;
-
solução proposta consistindo numa conjetura (hipótese);
-
dedução das conseqüências na forma de proposições passíveis de teste;
-
testes de falseamento – tentativas de refutação pela observação e
experimentação.
2.2.4 – Dialético
Do
grego dialektos, que significa
debate, forma de discutir e debater. A dialética é um debate, onde se procura
derrubar o argumento dos adversários, muito empregado na Grécia antiga.
Oliveira
(1997, p.67) afirma que o método dialético é “um processo de comunicação que
prende muito a atenção das pessoas em virtude da habilidade dos protagonistas”
Ferreira
(1998) prefere considerar este método como um enfoque, argumentando que a
dialética marxista propõe apresentar como se constitui o empírico, o concreto,
partindo de alguns pressupostos dados, sem indicar os caminhos para explicar os
fenômenos; por isso, não seria método. Ainda segundo a autora, entre os que concordam
que a dialética é um método, não há consenso quanto ao número de leis
fundamentais que sustentam o referido método. Apontam três; outros admitem
quatro, ora discriminadas:
-
ação recíproca, unidade polar ou tudo se relaciona;
-
mudança dialética, negação da negação ou tudo se
transforma;
-
passagem da quantidade à qualidade ou mudança
qualitativa;
-
interpretação dos contrários, contradição ou luta dos
contrários.
Em
síntese, o método dialético, também chamado de crítico, constrói-se montando um
novo sistema de hipóteses a partir da anulação do sistema anterior.
2.2.5 – Histórico
Consiste na
investigação de acontecimentos, processos e instituições do passado para
verificar a sua influência na sociedade contemporânea e melhor compreender o
papel que atualmente desempenham na sociedade.
Ferreira
(1998) acredita que, para compreender a natureza e a função das instituições,
dos costumes, das diversas formas atuais de vida social, torna-se necessário
pesquisar as raízes históricas, isto é, as origens no passado, uma vez que, por
meio da reconstrução artificial e formal dos fatos e fenômenos do passado, o
método histórico busca construir uma estratégia para conseguir estabelecer o
processo de continuidade e de entrelaçamento entre os fenômenos.
2.2.6 – Comparativo
O
método comparativo propõe a realização de comparações entre povos, grupos e
sociedades, a partir da identificação de suas diferenças e semelhanças com o
objetivo de construir uma melhor compreensão do comportamento humano.
É
usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os
atuais e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes
estágios de desenvolvimento.
“(...)
é empregado em estudos de largo alcance (desenvolvimento da sociedade
capitalista) e de setores
concretos (comparação de tipos específicos de eleição), assim como para estudos
qualitativos (diferentes formas de governo) e quantitativos (taxa de
escolarização de países
desenvolvidos e subdesenvolvidos). Pode ser utilizado em todas as fases e
níveis de investigação: num estudo descritivo, nas classificações, permitindo a
construção de tipologias e até em nível de explicação, apontando vínculos
causais, entre os fatores ausentes e presentes”. (Marconi e Lakatos 1996,
p.107)
2.3 – OUTROS MÉTODOS
Marconi
e Lakatos (1996); Oliveira (1997); Ferreira (1998); Santos (1999); Cruz e
Ribeiro (2003) citam outros métodos utilizados em investigação científica, aqui
sintetizados:
2.3.1 – Método Quantitativo
Bastante
utilizado em pesquisa e normalmente considerado o único método válido e
aceitável sem restrições, o método quantitativo procura garantir a precisão dos
resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando margem
considerável de segurança quanto às conclusões. É frequentemente aplicado nos
estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a relação
entre variáveis, ou na investigação de causa e efeito nos fenômenos observados
Estudos
de natureza descritiva pretendem investigar “o que é”, ou seja, descobrir as
características de um fenômeno. Desse modo, são considerados como objeto de
estudo uma situação específica, um grupo ou um indivíduo. O estudo descritivo
pode abordar aspectos de uma sociedade, como:
-
descrição da população economicamente ativa, do emprego
de rendimentos e consumo, do efetivo de mão-de-obra;
-
levantamento da opinião e atitudes da população acerca
de determinada situação;
-
caracterização do funcionamento de organizações;
-
identificação do comportamento de grupos minoritários.
Um
exemplo específico seria o estudo de uma organização de sucesso (ou o seu
inverso) para mostrar o que foi realizado ou desenvolvido para atingir tal “estado
da arte”, como a implantação de um modelo de gestão original ou sua adaptação a
novas condições ambientais. Tal investigação visa apenas identificar as
possíveis reações do administrador e não se propõe investigar que fatores
estariam contribuindo para tais reações, nem estaria interessada em verificar a
relação entre as reações do administrador e seu estilo de administrar a
organização.
Bastante
característico nos estudos quantitativos é o modo de coletar os dados. Para
isso, devem ser utilizados instrumentos de pesquisa como questionários, testes
padronizados, entrevistas e observações, que também podem ser empregados em
outros tipos de estudo. Escolhem-se os instrumentos mais adequados para efetuar
a coleta de informações, de maneira que os estudos quantitativos tenham a
possibilidade de obter, dos indivíduos pesquisados, respostas passíveis de serem
quantificadas, possibilitando o tratamento estatístico que, depois, servirá
para verificar a consistência das hipóteses.
Em
geral, as variáveis contidas nos métodos quantitativos são apresentadas em uma
da formas: escore contínuo, dicotomia artificial, dicotomia verdadeira e
categórica.
O
escore contínuo obtém-se em testes de inteligência, testes de avaliação e
testes padronizados. E, quando se diz que uma variável é contínua, significa
que o escore da variável empregados em outros tipos de estudo. Por exemplo, ao
medir o QI de uma pessoa, é possível obter teoricamente um escore em qualquer
ponto da amplitude.
2.3.2 – Método Estatístico
A
literatura mostra que a estatística é um método que se aplica ao estudo dos
fenômenos aleatórios e, praticamente, todos os fenômenos que ocorrem na
natureza são aleatórios, como as pessoas, o divórcio, um rebanho de gado, a
atividade profissional, um bairro residencial, os produtos eletrodomésticos, a
opinião pública, etc.
Os
fenômenos aleatórios destacam-se porque eles se repetem e estão associados a
uma variabilidade. Após a ocorrência de um fenômeno aleatório, é impossível
prever com precisão o resultado de nova ocorrência. Verifica-se também na
repetição de um fenômeno aleatório em que os resultados distribuem-se com certa
regularidade geralmente acentuada em termos de freqüência.
Esse
método fundamenta-se nos conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da
amostragem. E, com tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da
realidade social, onde quer que se pretendam medir o grau de correlação entre
dois ou mais fenômenos.
A
função essencial desse método é a representação e explicação sistemática das
observações quantitativas numéricas relativas a fatores oriundos das Ciências
Sociais, como padrão cultural, comportamental, condições ambientais, físicas,
psicológicas, econômicas etc., que ocorrem em determinada sociedade, ou de
fenômenos de diversas naturezas pertencentes a outras ciências como na Física,
Química, Biologia, entre outras. São aqueles fatos que envolvem uma
multiplicidade de causas e por fim são representados sob forma analítica,
geralmente através de gráficos, tabelas, quadros estatísticos.
Para
o emprego desse método, necessariamente, o pesquisador deve ter conhecimento
das noções básicas de estatística e saber como aplicá-la.
O
método estatístico fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da
probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação. Porém, as
explicações obtidas mediante a utilização do método estatístico não podem ser
consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de boa probabilidade de
serem verdadeiras.
Mediante
a utilização de testes estatísticos, torna-se possível determinar, em termos
numéricos, a probabilidade de acerto de determinada conclusão, bem como a
margem de erro de um valor obtido. Portanto, o método estatístico passa
caracterizar-se por razoável grau de precisão, o que o torna bastante aceito
por parte dos pesquisadores com preocupação de ordem quantitativa.
Os
procedimentos estatísticos fornecem considerável reforço às conclusões obtidas,
sobretudo mediante a experimentação, a observação, a análise e prova.
Abrange
o universo dos elementos ou uma amostra. Os métodos e técnicas de amostragem,
quando bem empregados, dão condições para se chegar a conclusões válidas e
previsões muito próximas da realidade, com pequena margem de erro.
2.3.3 – Método fenomenológico
Husserl
foi criador do método fenomenológico, que não foi concebido para ser dedutivo,
nem empírico; constituindo na descrição do fenômeno, tal como ele se apresenta,
sem reduzí-lo a algo que não aparece, considera como fundamental a relação.
O
método fenomenológico consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse
dado. Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera
imediatamente o que está perante a consciência, o objeto. Conseqüentemente, tem
uma tendência orientada totalmente para o objetivo. Interessa ao pesquisador
imediatamente não o conceito subjetivo, nem uma atividade do sujeito (se bem
que esta atividade possa igualmente se tornar em objeto da investigação), mas
aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado, odiado, etc.
Streubert
e Carpenter (1995) argumentam que o pesquisador pode fazer-se três questionamentos,
cujas respostas positivas podem auxiliá-lo a decidir se o método fenomenológico
é ou não o mais apropriado:
a)
Existe uma necessidade de maior clareza no fenômeno
selecionado? Talvez exista pouca coisa publicada, ou o que exista precise ser
descrito em maior profundidade.
b)
Será que a experiência vivida e compartilhada é a
melhor fonte de dados para o fenômeno de interesse? Dado que o método básico de
recolha é a voz da pessoa que vive um dado fenômeno, o pesquisador deve
determinar se esta abordagem lhe dará os dados mais ricos e mais descritivos.
c)
Os recursos
disponíveis, o tempo para o término da pesquisa e o próprio estilo
pessoal do pesquisador e sua habilidade para se envolver no método de forma
rigorosa seguem os requisitos para um trabalho científico?
A
utilização ou não do método fenomenológico irá, pois, nascer de uma
investigação prévia sobre o objeto de estudo e as pretensões do pesquisador
quanto ao tipo de informação que mais lhe interessa.
Quanto
ao papel dos participantes numa pesquisa fenomenológica, Martins, Boemer e
Ferraz (1990) argumentam que, ao realizá-la, a primeira preocupação que se
apresenta para o pesquisador é em geral a proposição do problema. Entretanto,
na pesquisa fenomenológica, o problema do pesquisador está consubstanciado em
dúvidas e não em hipóteses prévias; logo, ele deverá interrogar os sujeitos
para conseguir respostas a essas dúvidas
3 – O QUE É UM PROJETO DE PESQUISA?
A
pesquisa científica deve ser planejada, antes de ser executada. Isso se faz
através de uma elaboração que se denomina “projeto
de pesquisa”. O projeto de pesquisa é um documento que descreve os planos,
fases e procedimentos de um processo de investigação científica de ser
realizado, ou seja, estabelece um caminho eficaz que conduza ao fim desejado.
Talvez
uma das maiores dificuldades, de quem se inicia na pesquisa científica, seja a
de imaginar que basta um roteiro minucioso e detalhado para seguir e logo a
pesquisa estará realizada. Na verdade o roteiro existe: são as diversas fases
do método. Entretanto, uma pesquisa devidamente planejada, realizada e
concluída, não é um simples resultado automático de normas cumpridas ou roteiro
seguido. Mas deve ser considerada como obra de criatividade, que nasce da intuição do pesquisador e recebe a marca
de sua originalidade, tanto no modo de compreendê-la como de comunicá-la.
As
fases do método podem ser vistas como indicadoras de um caminho, dando, porém,
a cada um a oportunidade de manifestar sua iniciativa e seu modo próprio de
expressar-se.
Embora
enfatizando o valor da criatividade, convém lembrar que a pesquisa científica
não pode ser fruto apenas da espontaneidade e intuição do indivíduo, mas exige
submissão tanto aos procedimentos dos métodos como aos recursos da técnica. O
método é o caminho a ser percorrido, demarcado, do começo ao fim, por fases ou
etapas.
Em
outras palavras, o projeto de pesquisa é o planejamento de uma pesquisa, ou
seja, a definição dos caminhos para abordar uma certa realidade, por
conseguinte, deve oferecer respostas do tipo: o que pesquisar? (tema); por que
pesquisar? (justificativa); Como pesquisar? (metodologia); Quando pesquisar?
(cronograma); Por quanto? (orçamento).
3.1 – COMO ELABORAR UM PROJETO DE
PESQUISA
Existem
vários padrões/normas estabelecidos orientando a forma de como se deve elaborar
um projeto de pesquisa, cada qual adaptado a uma realidade/instituição. No
entanto, independentemente da norma, a estrutura básica é a mesma.
O
caminho recomendado na construção de um projeto de pesquisa deve ter as
seguintes partes:
1
– Introdução (contextualização)
-
Tema (delimitação do assunto)
-
Problema
-
Objetivos (Geral e específicos)
-
Justificativa.
2
– Revisão bibliográfica
3
– Metodologia
-
População
-
Plano de amostragem
-
Coleta de dados
-
Análise e interpretação dos resultados
4
– Cronograma
5
– Referências bibliográficas.
3.1.1 – Introdução
Iniciar
o trabalho, contextualizando de forma sucinta, o tema de sua pesquisa. Contextualizar significa abordar o tema de
forma a identificar a situação ou o contexto no qual o problema a seguir será
identificado. É a introdução do leitor ao tema, onde se encontra o problema, de
forma a permitir-lhe uma visualização situacional do problema.
Exemplo
de Tema: Ensinar ou construir o
conhecimento pela pesquisa: articulando a prática na formação do sujeito com
competência pessoal, profissional e social.
Problema – A seguir, afunilar a visão
macro do tema, para o problema a ser pesquisado. Concentrar-se somente no
problema e identificá-lo claramente. Delimitar que aspectos ou elementos do
problema que o aluno vai abordar. Ser claro e preciso nesta parte. Lembrar-se:
a identificação e delimitação clara do problema é o primeiro passo para
aprovação do projeto e êxito na sua execução.
Exemplo
de problema: Ensinar ou construir.
Como os profissionais da educação universitária, que atuam em cursos de
formação, pensam e articulam a prática na formação do sujeito com competência
pessoal, profissional e social?
Objetivos – Indicar, de forma clara e
exatamente, o que se quer fazer, que metas quer alcançar com a pesquisa,
desdobrando em:
Objetivo
geral – Identificar de forma genérica qual objetivo deve ser alcançado.
Exemplo
de objetivo geral: - analisar os
princípios norteadores da prática pedagógica dos docentes que atuam em cursos
de formação, e sua articulação com o processo de (des) (re) construção do
conhecimento pela pesquisa;
Objetivos
específicos - Listar os objetivos específicos que deverão ser alcançados pela
execução da proposta de pesquisa.
Exemplo
de objetivo específico: - elaborar um
diagnóstico sobre as estratégicas didáticas que permeiam a prática docente
daqueles que atuam em cursos de formação.
Justificativa – Justificar técnica,
científica e socialmente a proposta, explicitando argumentos que indiquem que a
pesquisa é significativa, importante ou relevante.
3.1.2 – Revisão Bibliográfica
A
revisão bibliográfica constitui-se na análise comentada dos trabalhos
realizados na matéria de enfoque de sua pesquisa.
3.1.3 – Metodologia
Método,
maneira. São ferramentas que se vai lançar mão para resolver o problema; em
outras palavras, deve-se indicar como pretende executá-lo. Caso seja uma
pesquisa qualitativa, de que maneira pretende coletar e analisar os dados
qualitativos (observação/entrevistas, etc.). Se for uma pesquisa quantitativa,
de que maneira irá coletar os dados. Apresente em linhas gerais o método a ser
utilizado para a execução da pesquisa, destacando:
População
e amostragem – deve-se identificar a população da qual está retirando a
amostra. Exemplo: se a pesquisa envolve os ex-alunos de Contábeis de 1990, sua
população é o número total destes ex-alunos, por exemplo, em 1990 formaram-se
77 alunos. Caso decida fazer uma amostragem de 30%, então a amostra para fins
de pesquisa será de 23 alunos.
Coleta
de dados – neste item, indica-se como irá operacionalizar a coleta dos
dados, se através de questionário (enviado pelo correio ou pessoalmente);
entrevistas; observações (anotando os resultados da reação em tempos
pré-determinados), etc.
Análise
e Interpretação dos resultados – descrever como serão analisados os
resultados da pesquisa (se qualitativa, as respostas podem ser interpretadas
global ou individualmente; se a pesquisa for quantitativa, provavelmente irá
utilizar a estatística).
3.1.4 – Cronograma
Relacionar
cada parte ou fase da pesquisa, vinculando-a ao tempo necessário para
executá-la.
Não
existe um modelo padrão que possa ser generalizado para todas as pesquisas,
devido a variedade dos tipos de pesquisas vistos anteriormente. A data de
início e fim dos trabalhos estão vinculadas ao semestre que será desenvolvido o
trabalho de pesquisa.
3.1.5 – Referências Bibliográficas
Todas as citações feitas no texto
deverão ser arroladas no final do trabalho. Utilizar as Normas da ABNT para
padronizar as referências bibliográficas.
4 – AS ETAPAS DA PESQUISA
A
pesquisa é um procedimento reflexivo
e crítico em busca de respostas para problemas ainda não solucionados.
O
planejamento e a execução de uma pesquisa fazem parte de um processo
sistematizado que compreende etapas que podem ser detalhadas da seguinte forma:
4.1 – ESCOLHA DO TEMA (O Que?)
Este
é o momento em que o pesquisador deve responder à pergunta “O que se pretende abordar?” O tema é um
aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se deseja provar ou desenvolver. Escolher um tema significa
eleger uma parcela delimitada de um assunto, estabelecendo limites ou
restrições para o desenvolvimento da pesquisa pretendida.
A
definição do tema pode surgir com base na observação do cotidiano, na vida acadêmica
ou profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com
especialistas, na interação de pesquisas já realizadas e em estudo da
literatura especializada.
A
escolha do tema em um curso de Graduação ou Pós-graduação, está relacionada à área a qual o investigador está
vinculado ou à linha de seu orientador.
Devem
ser levadas em consideração, na escolha do tema, a atualidade e relevância, o
conhecimento a respeito, a preferência e a aptidão pessoal para lidar com o
tema escolhido.
4.2 – REVISÃO DA LITERATURA
Nesta
fase, o sujeito investigador deve responder às seguintes questões: Quem já
escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto, que aspectos já foram
abordados, quais as lacunas existentes na literatura?
A
revisão de literatura é fundamental, porque fornecerá elementos para evitar-se
a duplicação de pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema. Favorece a definição
de contornos mais precisos do problema a ser estudado.
4.3 – JUSTIFICATIVA (Por quê?)
É
o momento em que o pesquisador deve refletir sobre “o porquê” da realização da
pesquisa, procurando identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e
sua importância em relação a outros temas. Pergunte-se: o tema é relevante e,
se é, por quê? Quais os pontos positivos que você percebe na abordagem
proposta? Que vantagens e benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá
proporcionar? A justificativa deve convencer quem for ler o projeto, com
relação à importância e à relevância da pesquisa proposta.
4.4 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Aqui,
o aluno será refletir sobre o problema que pretende resolver na pesquisa, se é
realmente um problema e se vale a pena tentar encontrar uma solução para ele. A
pesquisa científica depende da formulação adequada do problema, isto porque
objetiva buscar sua solução.
Para
melhor situar a escolha do problema, pergunta-se:
1)
Trata-se de um problema original e relevante?
2)
Ainda que seja “interessante”, é adequado para mim?
3)
Tenho hoje possibilidades reais para executar tal
estudo?
4)
Existem recursos financeiros para o estudo?
5)
Há tempo suficiente para investigar tal questão?
4.5 – DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS
(Para quê?)
Neste
campo, você deve sintetizar o que pretende alcançar com a pesquisa. Os objetivos
devem estar coerentes com a justificativa e o problema proposto. O objetivo
geral é a síntese do que se pretende alcançar, e os objetivos específicos
explicitam os detalhes e são desdobramentos do objetivo geral. Os objetivos
informam quais os resultados que se pretende alcançar ou qual a contribuição
que a pesquisa vai efetivamente proporcionar.
Os
objetivos devem começar por verbos no Infinitivo, conforme quadro a seguir:
Quadro n° 03: Verbos usados para
determinar estágio cognitivo
VERBOS USADOS PARA
DETERMINAR OS OBJETIVOS
|
Conhecimento
|
Compreensão
|
Aplicação
|
Análise
|
Síntese
|
Avaliação
|
Apontar
Arrolar
Definir
Enunciar
Inscrever
Registrar
Relatar
Repetir
Sublinhar
Nomear
|
Descrever
Discutir
Esclarecer
Examinar
Explicar
Expressar
Identificar
Localizar
Traduzir
Transcrever
|
Aplicar
Demonstrar
Empregar
Ilustrar
Interpretar
Inventariar
Manipular
Praticar
Traçar
Usar
|
Analisar
Classificar
Comparar
Constatar
Criticar
Distinguir
Examinar
Provar
Investigar
Experimentar
|
Articular
Compor
Construir
Coordenar
Reunir
Organizar
Esquematizar
|
Apreciar
Avaliar
Eliminar
Escolher
Estimar
Julgar
Preferir
Selecionar
Valorizar
...
|
4.6 – METODOLOGIA (Como?)
Neste
estágio, define-se onde e como será
realizada a pesquisa: o tipo de pesquisa, a população, o tipo da amostragem, os
instrumentos de coleta de dados e a forma como pretende tabular e analisar seus
dados.
População
(universo) da pesquisa é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas
características definidas para um determinado estudo. Para Gil (1999), amostra
é a parte da população selecionada de acordo com uma regra ou plano. O processo
pelo qual, através da amostra, são estudadas as características da população é
denominado de amostragem.
Segundo
Stevenson (2001), um censo envolve o
exame de todos os elementos de um dado grupo ao passo que a amostragem envolve o estudo de apenas
uma parte dos elementos. A finalidade da amostragem é fazer generalizações
sobre todo o grupo sem precisar examinar cada um de seus elementos.
Um
exemplo clássico de amostragem é o Exame
de sangue, visto que neste processo coleta-se apenas uma pequena porção do
sangue (amostra) de um indivíduo (população) e, após análise dos resultados,
pode-se inferir algo sobre o paciente. Importante destacar que a informação
obtida com base em uma amostra só pode ser estendida para a população de onde a
amostra proveio. Além disso, utilizam-se amostras por economia de tempo, de
dinheiro e maior precisão.
O
processo de amostragem pode ser Probabilístico e Não-Probabilístico.
Num
processo de Amostragem Probabilística todos os elementos da população têm a
mesma probabilidade de serem sorteados para compor a amostra a ser pesquisada.
Por ser estatisticamente mais confiável, é a mais utilizada, até porque somente
pode-se generalizar o resultado de uma amostra se o processo de amostragem for
probabilístico. Em outras palavras, para tirarmos conclusões sobre a População
há necessidade do processo probabilístico, pois somente com este poderemos
avaliar a probabilidade de erro. Cabe ressaltar que, em alguns casos, a
amostragem não-probabilística proporciona uma alternativa útil para a
amostragem probabilística.
1)
Amostragem casual simples;
2)
Amostragem sistemática;
3)
Amostragem estratificada;
4)
Amostragem por conglomerados.
Amostragem Casual Simples (ou ao acaso) – os elementos são escolhidos para formar a amostra por processo casual, aleatório ou por sorteio;
Amostragem Sistemática – os elementos
são escolhidos para formar a amostra por critérios estabelecidos a priori pelo pesquisador. Genericamente
sorteia-se o primeiro elemento e os demais são retirados numa progressão
aritmética de ordem, a partir do primeiro elemento sorteado, usando uma certa razão “r”, até completar o total de
elementos da amostra.
Amostragem estratificada – Obtém-se
quando a população está dividida em estratos, no caso, segundo a qualificação
(diretoria, escritório, oficina, etc.). Imagine os empregados de uma indústria.
Como obter uma amostra? Tira-se uma amostra casual ou sistemática de cada
estrato; esta pode ser uniforme,
quando os estratos possuem tamanhos aproximadamente iguais; então se retira o
mesmo numero de elementos de cada estrato. Proporcional
quando possuem tamanhos diferentes, e então se extrai os elementos de acordo
com o tamanho de cada estrato.
Amostragem por Conglomerados – Quando a
População apresenta uma subdivisão em grupos menores (denominados
conglomerados), sorteia-se um número diferente de conglomerados e os elementos
desses conglomerados sorteados vão compor a amostra. Convém usar esse processo
quando é difícil (ou impossível) selecionar os elementos da População, mas é
fácil sortear os conglomerados; muitas vezes, este tipo de amostragem é
utilizado por motivo de ordem.
Num
processo de Amostragem não-probabilística, existem elementos sem chance de
pertencer a amostra, (P = 0). Dentre os processos de amostra não-probabilística
cita-se:
-
Amostragem a Esmo – é um processo de seleção sem
critérios;
-
Amostragem por julgamento – neste caso, julga-se que
determinados elementos são importantes para a composição da amostra e
determina-se quem será pesquisado. Neste processo há certa carga de
subjetividade.
-
Amostragem por conveniência – é a forma mais comum dos
procedimentos não-probabilísticos. Os elementos são escolhidos por serem
acessíveis, mais articulados ou mais fáceis de serem avaliados.
No
delineamento amostral pode haver a combinação de diferentes técnicas de
amostragens. Exemplos:
ð
Num processo de amostragem estratificada, viu-se
anteriormente que se escolhe o n° de elementos proporcional ao tamanho de cada
estrato. Neste caso, define-se a quantidade, mas como serão selecionados estes
elementos dentro de cada estrato. Pode-se, neste caso, utilizar na seqüência um
processo de amostragem casual, ou seja, por sorteio.
ð
Em um processo de amostragem por conglomerados,
depois de sortearem-se os conglomerados e o n° de elementos que vão compor a
amostra de cada conglomerado, pode-se diretamente sortear estes elementos, ou ainda
aplicar um procedimento de amostragem estratificada caso se
verifique/identifique que os conglomerados estão divididos em partes.
Definido
o procedimento amostral, volta-se a necessidade de identificar quantos
elementos são necessários para compor a amostra. Existem diversas maneiras de
determinarmos o tamanho de uma amostra, todas levam em consideração três
fatores importantes: 1) a amplitude do universo; 2) o nível de confiança
estabelecido; 3) a margem de erro permitido.
Com
relação à amplitude do universo,
este pode ser finito ou infinito. Considera-se universo finito aquele cujo
tamanho da população não supera a 100.000 elementos.
Nível de confiança é a probabilidade de
que a amostra seja representativa do universo.
Margem de erro é a diferença entre o
valor obtido na amostra e o valor do universo.
Deve-se
levar em conta que, em qualquer pesquisa, os resultados obtidos através de
amostras não são rigorosamente exatos em relação ao universo, ou seja, nunca se
pode afirmar com 100% de certeza num resultado. Esta margem de erro normalmente
varia entre 3% a 5%.
Exemplo:
Em uma pesquisa de satisfação realizada com uma amostra de clientes da loja
ALFA verificou-se, a um nível de confiança de 95% e uma margem de erro estimada
de 5%, que 80% destes clientes amostrados, consideram o “atendimento” praticado
na loja como “muito bom”, podendo haver uma variação de opinião entre 75% a 85%
(margem de erro para mais ou para menos da média encontrada).
4.7 – COLETA DE DADOS
É
a pesquisa de campo propriamente dita. Para obter êxito neste processo, duas
qualidades são fundamentais: a paciência e a persistência.
4.7.1 – Instrumentos de coleta de dados
A
definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos objetivos que se
pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado.
Os
instrumentos de coleta de dados tradicionais são: 1) a Observação; 2) a
Entrevista; 3) o Questionário; 4) o Formulário.
4.7.1.1 – A OBSERVAÇÃO: Quando
são utilizados os sentidos na obtenção de dados de determinados aspectos da
realidade. Esta pode ser:
ð
Observação assistemática – não tem planejamento
e controle previamente elaborados, é espontânea, livre e informal;
ð
Observação sistemática – tem planejamento,
realiza-se em condições controladas para responder aos propósitos
pré-estabelecidos;
ð
Observação não-participante – o pesquisador
presencia o fato, mas não participa;
ð
Observação individual – realizada por um único
pesquisador;
ð
Observação em equipe - feita por um grupo de
pessoas. Apresenta vantagens uma vez que os dados coletados podem ser
confrontados entre os membros da equipe;
ð
Observação na vida real – registro de
dados/fatos reais à medida que ocorrem;
ð
Observação em laboratório – onde tudo é
controlado.
4.7.1.2 – A ENTREVISTA: É a
obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou
problema. A entrevista pode ser:
ð
Padronizada ou estruturada – roteiro previamente
estabelecido;
ð
Despadronizada ou não-estruturada – não existe
rigidez de roteiro. Pode se explorar mais amplamente algumas questões.
4.7.1.3 – O QUESTIONÁRIO: É uma
série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo
informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar
acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito de sua
aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o
preenchimento.
Recomendações
úteis à construção de um questionário:
ð
O questionário deve ser construído em blocos
temáticos obedecendo uma ordem lógica na elaboração das perguntas;
ð
A redação das perguntas deve ser feita em
linguagem compreensível ao informante. A linguagem deve ser acessível ao
entendimento da média da população estudada. A formulação das perguntas deve
evitar a possibilidade de interpretação dúbia, sugerir ou induzir a resposta;
ð
Cada pergunta deve focar apenas uma questão para
ser analisada pelo informante;
ð
O questionário deve conter apenas perguntas
relacionadas aos objetivos da pesquisa. Devem ser evitadas perguntas que, de
antemão, já se sabe que não serão respondidas com honestidade.
As
perguntas do questionário podem ser:
ð
Abertas
– o entrevistado responde livremente o que pensa sobre o assunto questionado.
Ex.: Qual a sua opinião sobre a qualidade
dos serviços da empresa ALFA?
ð
Fechada/simples
– neste caso são fornecidas duas ou mais alternativas de respostas ao
entrevistado, sendo apenas uma resposta possível. Ex.: Em qual município você reside? (
) Bagé; ( ) Caçapava do Sul; ( )
Lavras do Sul; ( ) São Gabriel.
ð
Semi-aberta
– É uma combinação de uma pergunta fechada e uma aberta. Inicialmente o
entrevistado responde a questão assinalando uma das opções e depois complementa
a resposta através de uma justificativa. Ex.: Na sua opinião, o nível dos debates entre os candidatos à Presidência
da República, é: 1.( ) Excelente;
2.( ) Muito bom; 3.( ) Bom; 4.(
) Regular; 5.( ) Insuficiente;
Por que?............................. .
ð
De
múltiplas escolhas/compostas – Fechadas com uma série de respostas
possíveis. É facultativa a indicação do número de alternativas a serem
assinaladas na resposta.
Exemplo 01: Como você ficou sabendo do vestibular da URCAMP: 1.( ) Jornais;
2.( ) Rádio; 3.(
) Panfletos/Faixas; 4.( )
Televisão; 5.( ) Escola; 6.( ) Outros.
Exemplo 02: Quais os motivos que
levaram você a escolher o curso que está freqüentando? 1.( ) Atividade profissional; 2.( ) Calor do Curso; 3.( ) Forma de pagamento; 4.( ) Qualidade de ensino; 5.( ) Influência de outras pessoas; 6.( ) Não ter outra opção na região; 7.( ) Outros.
ð
Matriz de
resposta – Tipo de questão onde são obtidas várias respostas na mesma
pergunta, para tanto se elabora um quadro para facilitar a resposta do
entrevistado. Ex.: Qual o seu grau de
satisfação com o atendimento neste supermercado:
SETOR
|
GRAU DE SATISFAÇÃO
|
||||
M. Satisfeito
|
Satisfeito
|
Indiferente
|
Insatisfeito
|
M. Insatisfeito
|
|
Açougue
|
|||||
Padaria
|
|||||
Caixa
|
|||||
Feira
|
4.7.1.4 – FORMULÁRIO – É uma
coleção de questões e anotadas por um entrevistador numa situação face a face
com a outra pessoa (o informante).
O
instrumento de coleta de dados escolhido deve proporcionar uma interação
efetiva entre você, o informante e a pesquisa que está sendo realizada. Para
facilitar o processo de tabulação de dados por meio de suportes computacionais,
as questões e suas respostas devem ser previamente codificadas.
A
coleta de dados está relacionada com o problema, a hipótese ou os pressupostos
da pesquisa e objetiva obter elementos para que os objetivos propostos na pesquisa
possam ser alcançados. Neste estágio, escolhem-se também as possíveis formas de
tabulação e apresentação de dados e os meios (os métodos estatísticos, os
instrumentos manuais ou computacionais) que serão usados para facilitar a
interpretação e análise dos dados.
Segundo
Oliveira (2003) existem vantagens e desvantagens da aplicação de um formulário
comparativamente a um questionário as quais se encontram dispostas no quadro
abaixo.
Quadro n° 02:
Vantagens e desvantagens entre
Formulário x Questionário
VANTAGENS
|
DESVANTAGENS
|
Pode ser utilizado em quase
todos os segmentos da população: analfabetos e alfabetizados;
|
A possibilidade de o
aplicador, pela sua presença, influenciar as respostas;
|
Possibilidade de o
pesquisador realizar inferências em virtude de sua presença física;
|
O informante pode se sentir
constrangido para responder a algumas perguntas devido à presença do
aplicador;
|
Permite maior compreensão
e, também, maior uniformidade dos dados obtidos;
|
Maior consumo de recursos
na obtenção de dados, que precisam ser colhidos pessoa a pessoa;
|
Permite a obtenção de dados
mais complexos e de maior utilidade.
|
O informante tem menos
tempo para responder às perguntas, o que pode fazer com que fique faltando
responder a algumas.
|
Importante
destacar que tanto o Questionário como o Formulário necessita ser testado para
que o pesquisador possa avalia sua eficácia na obtenção dos dados. Não
encontrando erros os dados coletados podem ser aproveitados. Verificando-se
erros que possam prejudicar os objetivos da pesquisa, estas questões/itens
devem ser corrigidas, reformuladas, ampliadas, ou8 eliminadas,
desconsiderando-se os questionários aplicados anteriormente. Neste caso deve-se
realizar novamente um pré-teste.
4.8 – TABULAÇÃO E APRESENTAÇÃO
DOS DADOS
Para
organizar os dados obtidos na pesquisa de campo, pode-se lançar mão de recursos
manuais ou computacionais. Atualmente com o advento da informática, é natural
que se escolham os recursos computacionais para dar suporte à elaboração de
índices e cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos.
4.9 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS
Esta
é a fase em que o pesquisador interpreta e analisa os dados que tabulou e
organizou na etapa anterior. A análise deve ser feita para atender aos
objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o
objetivo de confirmar ou rejeitar as hipóteses ou os pressupostos da pesquisa.
4.10 – CONCLUSÃO DA ANÁLISE E DOS
RESULTADOS OBTIDOS
Nesta
etapa, já se tem condições de sintetizar os resultados obtidos com a pesquisa.
Deve-se explicitar se os objetivos foram atingidos, se as hipóteses ou os
pressupostos foram confirmados ou rejeitados. E, principalmente, deve-se
ressaltar a contribuição da pesquisa para o meio acadêmico ou para o
desenvolvimento da ciência e da tecnologia.
4.11 – REDAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO
TRABALHO CIENTÍFICO
Nesta
etapa, o pesquisador deve redigir o relatório de pesquisa: monografia,
dissertação ou tese. Azevedo (1998) argumenta que o texto deve ser escrito de
modo apurado, isso é, “(...) gramaticalmente correto, fraseologicamente claro,
terminologicamente preciso e estilisticamente agradável” . Normas de
documentações da ABNT devem ser consultadas visando à padronização das
indicações bibliográficas e a apresentação gráfica do texto.
As
etapas aqui identificadas e as orientações feitas devem servir de guia à
elaboração de sua pesquisa e não como uma “camisa-de-força”. Entretanto, não
devem impedir sua criatividade ou causar dificuldades à elaboração da pesquisa.
A intenção é fornecer orientações básicas à elaboração de uma investigação
científica.
5 – O RELATÓRIO DE PESQUISA
Assim
como no caso do planejamento de uma pesquisa científica, também é importante a
definição de um padrão para o registro dos resultados de conclusões. Isso
facilita a comunicação dos achados e a posterior verificação de todo o
processo, servindo de base para a publicação dos mesmos em congressos,
periódicos ou mesmo em
livros. Os elementos básicos para isso são apresentados a
seguir.
5.1 – INTRODUÇÃO
Apresentação
do tema a ser estudado – o suficiente para deixar claros todos os aspectos
relevantes:
-
Justificativa – explicar porque o tema é importante,
qual sua relevância social;
-
Problema – explicitar qual é o problema da pesquisa;
-
Objetivos – enumerar os objetivos da investigação, isto
é, aquilo que se quer descobrir com a pesquisa, a pergunta a ser respondida,
enfim, qual a contribuição a ser realizada em termos de previsão e/ou controle.
-
Partes constituintes da pesquisa (capítulos, seções).
5.2 – REFERENCIAL TEÓRICO
Capítulo
ou seção onde é explicitado todo o conhecimento que se tem sobre o tema a ser
investigado, partindo, principalmente, das hipóteses (ou prováveis respostas
dadas ao problema levantado).
5.3 – METODOLOGIA
Um
detalhamento completo dos sujeitos (ou da amostra), materiais coletados
(questionários, testes, instrumentos) e procedimentos de pesquisa a serem
adotados.
5.4 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
DADOS COLETADOS OU RESULTADOS
- Análise documental – Explicar quais os dados analisados, resumir os pontos principais referentes à função, filosofia e objetivos do tema da pesquisa.
- Resultados – Apresentar um resumo das constatações encontradas durante as análises e suas reflexões respondendo ao problema de pesquisa.
- Resultados: As informações produzidas diretamente a partir do tratamento dos dados (organização, transformação e análise), ou seja, tabelas, gráficos, texto detalhando os achados, enfim, os resultados diretos, secos, desprovidos de interpretação.
- Discussão: Uma reflexão acerca da interpretação teórica e do significado dos resultados.
5.5 – CONCLUSÃO
- Desafios – Indicar quais as ausências e os problemas encontrados que geraram desafios a serem enfrentados.
- Perspectivas – Indicar as perspectivas que se inferem para um futuro próximo.
- Sugestões – Apresentar pro postas ou sugestões para vencer os desafios, ou para se realizarem novas pesquisas.
5.6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Indicar
os livros, revistas, periódicos, vídeos, DVDs, monografias, outros trabalhos,
entrevistas, documentos e sites consultados.
BIBLIOGRAFIA
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Jesus Paes de.Um guia para a iniciação científica.São Paulo:
McGraw-Hill, 1986.
COSTA, Marco Antônio
F. da. Metodologia da pesquisa: conceitos e técnicas. Rio de Janeiro:
Interciência, 2001.
DEMO, Pedro. Introdução a metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1994.
___________. Pesquisa
e construção do conhecimento: metodologia científica no caminho de Habernas. Rio de janeiro: Templo Brasileiro, 1996.
GONÇALVES, Elisa
Pereira. Conversa sobre pesquisa
científica. Campinas,
SP: Editora Alínea, 2001.
KOCHE, José Carlos. Fundamentos de
metodologia científica teoria da ciência e prática de pesquisa. Petrópolis,
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LAKATOS, Eva Maria. Metodologia
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MARCANTONIO, Antônia
Terezinha. Elaboração e divulgação do trabalho científico. São Paulo:
Atlas, 1993.
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Porto Alegre: Artmed, 2004.
MAZZOTTI, Alda
Judith Alves. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa
quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1999.
RUDIO, Vitor Frans. Introdução ao projeto de pesquisa científica.
Petrópolis: Vozes, 1986.
SANTOS, Antônio
Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio
de Janeiro: DP&A editora, 1999.