Manuel Coutinho Carmo Bucar Corte Real, SE, M.Ec.

Chefe Departamento de Ciência da Economia da FE da UNTL, Fevereiro-Setembro de 2000, Decano da FE da UNTL, Setembro de 2000 até Agosto de 2006, Inspector Geral do Estado, Agosto de 2006-Setembro de 2007, -Comissario Adjunto da CAC de Timor-Leste (2010 - 2018),
Docente Senior da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Nacional de Timor Loro-Sa´e
(Mês de Junho de 2000 até presente, 2023)

O Mundo de Informações

Metodologia Científica II

 Prof. Esp. Elcio da Rosa Lima
 CAÇAPAVA DO SUL, RS - 2009

UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CAÇAPAVA DO SUL
 
Baseado na Obra
CONSTRUINDO O CONHECIMENTO PELA PESQUISA
Orientação básica para elaboração de trabalhos científicos.
de
Alzira Elaine Melo Leal e Carlos Eduardo Gerzson de Souza
 

1 - A PESQUISA E SUAS CLASSIFICAÇÕES

            A Metodologia tem como função introduzir o acadêmico na temática da construção, sistematização e comunicação do conhecimento, de maneira a prepará-lo para participar do processo de produção científica, mostrando-lhe como trilhar o caminho da pesquisa, ajudando-o a refletir e o instigando a um novo olhar sobre o mundo: um olhar curioso, indagador e criativo.

            A elaboração de um projeto de pesquisa e o desenvolvimento da própria pesquisa seja ela uma monografia, dissertação, tese, ou até mesmo um artigo, necessitam, para que seus resultados sejam satisfatórios, estar alicerçados em planejamento cuidadoso, em reflexões conceituais sólidas e fundamentados em conhecimentos já existentes.

            Pesquisar é um trabalho que envolve um planejamento semelhante ao de um engenheiro. Ao elaborar uma planta, este precisa saber o que quer fazer, obter os dados, assegurar-se de que possui os materiais necessários e cumprir as etapas requeridas no processo. Um projeto será satisfatório na medida do envolvimento do pesquisador no ato de construir e no emprego de suas habilidades técnicas em sua execução. O sucesso de uma pesquisa também depende do procedimento seguido, do envolvimento com a pesquisa e da habilidade de escolher o caminho para atingir os objetivos propostos.

            A pesquisa é um trabalho em processo não totalmente controlável ou previsível. Adotar uma metodologia significa escolher um caminho. O percurso, muitas vezes, requer ser reinventado a cada etapa. Precisa, portanto, não somente de regras e sim de muita criatividade e imaginação.

 
1.1  – O QUE É PESQUISA?

            Esta pergunta pode ser respondida de múltiplas formas:
-        Pesquisar significa procurar respostas para as indagações propostas;
-        É a investigação ou busca minuciosa para averiguação da realidade;
-        É o estudo sistemático de um determinado campo do conhecimento, cuja finalidade é a descoberta de algo novo, ou a ampliação de dados já registrados na literatura;
-        É a atividade cotidiana, um questionamento sistemático, crítico e criativo, em diálogo permanente com a realidade em sentido teórico e prático;
-        É um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método, com o objetivo fundamental de descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos;

            Logo, conclui-se que pesquisa é um conjunto de ações propostas para encontrar a solução para um problema, e têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se têm informações para solucioná-lo.

            Resumindo, pesquisa é um conjunto de investigações e operações que objetiva descobrir novos conhecimentos ou melhorar e aprimorar conhecimentos já existentes.

1.2  – CLASSIFICAÇÕES DAS PESQUISAS

            Existem várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de classificação são apresentadas a seguir:

1.2.1        – Quanto à natureza

            Pesquisa Pura, Básica ou Teórica - Objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Não tem por finalidade a utilização prática, mas contribui para o avanço do conhecimento da teoria estudada. Ex.: A origem do Universo.

            Pesquisa Aplicada ou Prática - Busca gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. Portanto, é desenvolvida tendo–se em vista sua utilização. Ex.: A busca de uma vacina contra a AIDS.

            Ao contrário do que se pensa, a pesquisa aplicada depende da pesquisa pura, de natureza teórica. Sem o desenvolvimento de conhecimento conceitual avançado pouco se pode fazer para transformar este saber em uma determinada aplicação tecnológica demandada pela sociedade.

1.2.2        – Quanto à forma de abordagem do problema

            Pesquisa Quantitativa - Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e técnicas estatísticas (porcentagem, média, mediana, desvio-padrão, coeficientes de correlação, análise de regressão, etc.).

            A pesquisa quantitativa é mais adequada para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utiliza instrumentos estruturados (questionários). Deve ser representativa de um determinado universo de modo que seus dados possam ser generalizados de projetados para aquele universo.

            A pesquisa quantitativa permite dimensionar mercados, conhecer os perfis demográficos, sociais e econômicos de uma população, entre outras possibilidades; realizada a partir de entrevistas individuais, apoiada em um questionário impresso ou eletrônico, é conduzida por um entrevistador ou através de autopreenchimento.

            Em todo pesquisa quantitativa, sem exceção, torna-se necessário calcular a margem de erro para o grau de confiança que se pretende. Assim, o cliente pode tomar as suas decisões com a segurança desejada.

            Pesquisa Qualitativa - Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição dos significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Ela não requer o uso de métodos de técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva e os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

            A pesquisa qualitativa, que envolve ouvir as pessoas, o que elas têm a dizer, explorando suas idéias e preocupações sobre determinado assunto, analisa os temas em seu cenário natural, buscando interpretá-los em termos do significado assumido pelos indivíduos. Para isso, utiliza se uma abordagem holística que preserva a complexidade do comportamento humano.

1.2.3 – Quanto aos Objetivos

            Pesquisa exploratória - Visa proporcionar maior familiaridade com o problema objetivando torná-lo explícito ou construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiverem experiências práticas com o problema pesquisado, análise de exemplos que estimulem a compreensão.

            A pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, visando à formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores.

            Embora o planejamento da pesquisa exploratória seja flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliográfica ou estudo de caso.

            Na maioria das vezes, a pesquisa exploratória constitui a primeira etapa de uma investigação mais ampla. Quando o tema é bastante genérico, torna-se necessário seu esclarecimento e delimitação, o que exige revisão da literatura, discussão com especialistas e outros procedimentos. O produto final desse processo passa a ser um problema mais esclarecido passível de investigação mediante procedimentos mais sistematizados.

            Pesquisa Descritiva – Busca descrever as características de determinada população, ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

            Na pesquisa descritiva, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles. Isso quer dizer que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.
 
            Podem-se citar, como exemplos, aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental; as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade; aquelas que têm por objetivo levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população, bem como descobrir a existência de associações entre variáveis, como por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimento e/ou escolaridade. Uma das características mais significativas da pesquisa descritiva é a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

            Pesquisa Explicativa – É mais complexa porque, além de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos estudados, tem como preocupação central identificar seus fatores determinantes. Este tipo de pesquisa é o que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porquanto explica a razão, o porquê das coisas e, portanto, está mais sujeita a erros. São os resultados das pesquisas explicativas que fundamentam o conhecimento científico.
 
            A maioria das pesquisas explicativas utiliza o método experimental que possibilita a manipulação e o controle das variáveis, no intuito de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável dependente, ou o fenômeno de estudo.

1.2.4 – Quanto aos procedimentos técnicos

            Pesquisa Bibliográfica – É aquela elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente material disponibilizado na Internet.

            Consiste em apresentar e comentar o que outros autores escreveram sobre o tema, enfatizando as diferenças ou semelhanças que existem entre os conceitos. É comum e mesmo desejável aparecerem citações literais de autores que falam sobre o assunto. As citações devem seguir as regras propostas pela ABNT.

            A pesquisa bibliográfica constitui-se do ato de ler, selecionar, fichar, organizar e arquivar tópicos de interesse para a pesquisa em pauta. É a base para as demais pesquisas e pode-se dizer que é uma constante na vida de quem se propõe a pesquisar.

            Pesquisa Documental – Como o próprio nome diz, elabora-se através de materiais que não receberam tratamento analítico. (documentos em geral).

            A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica utiliza-se fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, enquanto a pesquisa documental utiliza-se de documentos de primeira mão, tais como documentos conservados em órgãos públicos e instituições privadas.

            Pesquisa Experimental – É aquela em que se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.

            A pesquisa experimental procura entender de que modo, ou por que causas, o fenômeno é produzido. Para atingir os resultados, o pesquisador usa aparelhos e instrumentos que a técnica moderna coloca ao seu alcance, lança mão de procedimentos apropriados e capazes de tornar perceptíveis as relações existentes entre as variáveis envolvidas no objeto de estudo.

            Estudo de Caso – O estudo de caso não é uma técnica específica. É uma análise intensiva de uma situação particular.

            A preferência pelo uso do Estudo de Caso deve ser dada onde é possível fazer observações diretas e entrevistas sistemáticas.

            Caracteriza-se pela capacidade de lidar com uma completa variedade de evidências tais como: dados, documentos, artefatos, entrevistas e observações, e mediante comparação baseada na pesquisa bibliográfica, permite traçar um diagnóstico, dar um parecer, tirar uma conclusão.
 
            Pesquisa Ex-post-facto. (a partir do fato passado) – Significa que neste tipo de pesquisa o estudo é realizado após a ocorrência de variações na variável dependente no curso natural dos acontecimentos.

            O objetivo principal dessa modalidade de pesquisa é o mesmo da pesquisa experimental: verificar a existência de relações entre variáveis. Seu planejamento também ocorre de forma bastante semelhante. A diferença mais importante entre as duas modalidades desta no fato de que, na pesquisa ex-post-facto, o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável independente que constitui o fator presumível do fenômeno, porque ele já ocorreu. O que o pesquisador procura fazer neste tipo de pesquisa é identificar situações que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles.

            Apesar das semelhanças com a pesquisa experimental, o delineamento ex-post-facto não garante que as conclusões relativas a relações do tipo cauda-efeito sejam totalmente seguras.

            Pesquisa-Ação – Quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

            No processo da pesquisa-ação, os pesquisadores devem recorrer a métodos e técnicas de grupo para lidar com a dimensão coletiva da investigação, além de técnicas de registro, de processamento e de exposição dos resultados.

            Portanto, deve ser preocupação dos pesquisadores a pesquisa teórica, a organização de seminários, a seleção de métodos e das técnicas de pesquisa de campo, a organização dos instrumentos, a aplicação dos instrumentos, o cotejar do saber formal dos especialistas com o saber informal dos usuários.

            Pesquisa Participante – É a pesquisa que se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas.

            Alguns autores apresentam pesquisa-ação e pesquisa participante como sinônimos. Entretanto, enquanto que a pesquisa ação é especialmente centrada na ação, a pesquisa participante esta comprometida com a redução da relação entre dirigente e dirigidos, logo, centra-se nas relações político-sociais que abrem o espaço para a participação.

            A pesquisa participante envolve, além da participação e observação direta, a análise documental, a entrevista, enfim, todo um conjunto de técnicas metodológicas que abrem espaço para o envolvimento dos participantes no processo de investigação.

1.3  – O PLANEJAMENTO DA PESQUISA

            Pesquisa é a construção de conhecimento original de acordo com certas exigências científicas. Para que o estudo seja considerado científico deve-se obedecer aos critérios de coerência, consistência, originalidade e objetivação. Para a realização de uma pesquisa científica é imprescindível:

a)      A existência de uma pergunta que se deseja responder;
b)      A elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta;
c)      A indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.

O planejamento de uma pesquisa depende basicamente de três fases:
  • Fase decisória – refere-se à escolha do tema, à definição e à delimitação do problema de pesquisa;
  • Fase construtiva – volta-se para a construção de um plano de pesquisa e à execução da pesquisa propriamente dita;
  • Fase redacional – envolve-se com a análise dos dados e informações obtidas na fase construtiva. É a organização das idéias de forma sistematizada visando à    elaboração do relatório final. A apresentação do relatório de pesquisa deve obedecer às formalidades requeridas pelo meio acadêmico.
            Realizar uma pesquisa com rigor científico pressupõe que você escolha um tema e defina um problema para ser investigado, elabore um plano de trabalho e, após sua execução operacional, escreva um relatório final e este seja apresentado de forma planejada, ordenada, lógica e conclusiva.

2 - MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO

2.1 – MÉTODO CIENTÍFICO

            A pesquisa científica fundamenta-se em três pressupostos básicos:
a)      Epistemologia (Estudo do conhecimento) – grau de certeza do conhecimento científico é a âncora do fato ou fenômeno a ser investigado, a partir do corpo teórico existente, no qual se incluem subsídios advindos das diversas áreas do conhecimento com suas leis científicas, teorias, axiomas, princípios, escolas, correntes, etc.;
b)      Procedimentos – representando a metodologia, o caminho a ser percorrido para se atingir os objetivos previamente estabelecidos;
c)      Aspectos de normalização – de que trata a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, com suas diversas NBRs, e dos requisitos da língua portuguesa, caracterizando-se o texto pela objetividade, clareza, coesão, consistência, imparcialidade.

            Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devem ser empregados na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.

2.2 – TIPOS DE MÉTODOS

            Entre os tipos de métodos mais comumente usados em trabalhos acadêmicos, citam-se: indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo, dialético, histórico, comparativo, fenomenológico e outros.

2.2.1 – Indutivo

            Galileu foi o precursor desse método através do qual se chega a uma lei geral por intermédio da observação de certo número de casos particulares. A indução é um método válido, porém não é infalível.

            Apesar das grandes discussões levantadas no século XIX sobre o assunto, a indução é o método científico por excelência e, por isso mesmo, é o método fundamental das ciências naturais e sociais. Eis um exemplo de método indutivo:
            Terra, Marte, Vênus e Júpiter são desprovidos de luz própria.
            Ora, Terra, Marte, Vênus e Júpiter são todos planetas.
            Logo, todos os planetas são desprovidos de luz própria.

            No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações.

2.2.2 – Dedutivo

            O método dedutivo leva o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro; por outro lado, é de alcance limitado, pois a conclusão não pode exceder as premissas.

            A dedução é um recurso metodológico em que a racionalização ou combinação de idéias em sentido interpretativo vale mais do que a experimentação. Pode-se dizer que é o raciocínio que caminha do geral para o particular. Exemplo de método dedutivo:
            Todo mamífero tem um coração.
            Ora, todos os cães são mamíferos.
            Logo, todos os cães têm um coração.

            Os dois tipos de métodos até aqui esboçados têm funções diversas, no dedutivo busca-se explicitar o conteúdo das premissas; no indutivo procura-se ampliar o alcance dos conhecimentos.

2.2.3 – Hipotético-dedutivo

            É o método que se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo de inferências dedutivas, testa-se a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese.


   “(...) desencadeia-se a partir da percepção de uma lacuna nos conhecimentos científicos produzidos em uma determinada área até aquele momento, em função da qual se formula novas hipóteses. Em seguida, através do processo de inferência dedutiva, testa-se as hipóteses”. (FERREIRA, 1998, p.96).

            Para Popper (1993), este método constitui-se no caminho para se chegar ao conhecimento, passando pelas seguintes etapas:
            - formulação do problema;
            - solução proposta consistindo numa conjetura (hipótese);
            - dedução das conseqüências na forma de proposições passíveis de teste;
            - testes de falseamento – tentativas de refutação pela observação e experimentação.

2.2.4 – Dialético

            Do grego dialektos, que significa debate, forma de discutir e debater. A dialética é um debate, onde se procura derrubar o argumento dos adversários, muito empregado na Grécia antiga.

            Oliveira (1997, p.67) afirma que o método dialético é “um processo de comunicação que prende muito a atenção das pessoas em virtude da habilidade dos protagonistas”

            Ferreira (1998) prefere considerar este método como um enfoque, argumentando que a dialética marxista propõe apresentar como se constitui o empírico, o concreto, partindo de alguns pressupostos dados, sem indicar os caminhos para explicar os fenômenos; por isso, não seria método. Ainda segundo a autora, entre os que concordam que a dialética é um método, não há consenso quanto ao número de leis fundamentais que sustentam o referido método. Apontam três; outros admitem quatro, ora discriminadas:
-          ação recíproca, unidade polar ou tudo se relaciona;
-          mudança dialética, negação da negação ou tudo se transforma;
-          passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;
-          interpretação dos contrários, contradição ou luta dos contrários.

            Em síntese, o método dialético, também chamado de crítico, constrói-se montando um novo sistema de hipóteses a partir da anulação do sistema anterior.

2.2.5 – Histórico

            Consiste na investigação de acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade contemporânea e melhor compreender o papel que atualmente desempenham na sociedade.

            Ferreira (1998) acredita que, para compreender a natureza e a função das instituições, dos costumes, das diversas formas atuais de vida social, torna-se necessário pesquisar as raízes históricas, isto é, as origens no passado, uma vez que, por meio da reconstrução artificial e formal dos fatos e fenômenos do passado, o método histórico busca construir uma estratégia para conseguir estabelecer o processo de continuidade e de entrelaçamento entre os fenômenos.

2.2.6 – Comparativo

            O método comparativo propõe a realização de comparações entre povos, grupos e sociedades, a partir da identificação de suas diferenças e semelhanças com o objetivo de construir uma melhor compreensão do comportamento humano.

            É usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os atuais e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.

“(...) é empregado em estudos de largo alcance (desenvolvimento da sociedade capitalista) e de setores concretos (comparação de tipos específicos de eleição), assim como para estudos qualitativos (diferentes formas de governo) e quantitativos (taxa de escolarização de países desenvolvidos e subdesenvolvidos). Pode ser utilizado em todas as fases e níveis de investigação: num estudo descritivo, nas classificações, permitindo a construção de tipologias e até em nível de explicação, apontando vínculos causais, entre os fatores ausentes e presentes”. (Marconi e Lakatos 1996, p.107)

2.3 – OUTROS MÉTODOS

            Marconi e Lakatos (1996); Oliveira (1997); Ferreira (1998); Santos (1999); Cruz e Ribeiro (2003) citam outros métodos utilizados em investigação científica, aqui sintetizados:

2.3.1 – Método Quantitativo

            Bastante utilizado em pesquisa e normalmente considerado o único método válido e aceitável sem restrições, o método quantitativo procura garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando margem considerável de segurança quanto às conclusões. É frequentemente aplicado nos estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis, ou na investigação de causa e efeito nos fenômenos observados

            Estudos de natureza descritiva pretendem investigar “o que é”, ou seja, descobrir as características de um fenômeno. Desse modo, são considerados como objeto de estudo uma situação específica, um grupo ou um indivíduo. O estudo descritivo pode abordar aspectos de uma sociedade, como:
-          descrição da população economicamente ativa, do emprego de rendimentos e consumo, do efetivo de mão-de-obra;
-          levantamento da opinião e atitudes da população acerca de determinada situação;
-          caracterização do funcionamento de organizações;
-          identificação do comportamento de grupos minoritários.

            Um exemplo específico seria o estudo de uma organização de sucesso (ou o seu inverso) para mostrar o que foi realizado ou desenvolvido para atingir tal “estado da arte”, como a implantação de um modelo de gestão original ou sua adaptação a novas condições ambientais. Tal investigação visa apenas identificar as possíveis reações do administrador e não se propõe investigar que fatores estariam contribuindo para tais reações, nem estaria interessada em verificar a relação entre as reações do administrador e seu estilo de administrar a organização.

            Bastante característico nos estudos quantitativos é o modo de coletar os dados. Para isso, devem ser utilizados instrumentos de pesquisa como questionários, testes padronizados, entrevistas e observações, que também podem ser empregados em outros tipos de estudo. Escolhem-se os instrumentos mais adequados para efetuar a coleta de informações, de maneira que os estudos quantitativos tenham a possibilidade de obter, dos indivíduos pesquisados, respostas passíveis de serem quantificadas, possibilitando o tratamento estatístico que, depois, servirá para verificar a consistência das hipóteses.

            Em geral, as variáveis contidas nos métodos quantitativos são apresentadas em uma da formas: escore contínuo, dicotomia artificial, dicotomia verdadeira e categórica.

            O escore contínuo obtém-se em testes de inteligência, testes de avaliação e testes padronizados. E, quando se diz que uma variável é contínua, significa que o escore da variável empregados em outros tipos de estudo. Por exemplo, ao medir o QI de uma pessoa, é possível obter teoricamente um escore em qualquer ponto da amplitude.

2.3.2 – Método Estatístico

            A literatura mostra que a estatística é um método que se aplica ao estudo dos fenômenos aleatórios e, praticamente, todos os fenômenos que ocorrem na natureza são aleatórios, como as pessoas, o divórcio, um rebanho de gado, a atividade profissional, um bairro residencial, os produtos eletrodomésticos, a opinião pública, etc.

            Os fenômenos aleatórios destacam-se porque eles se repetem e estão associados a uma variabilidade. Após a ocorrência de um fenômeno aleatório, é impossível prever com precisão o resultado de nova ocorrência. Verifica-se também na repetição de um fenômeno aleatório em que os resultados distribuem-se com certa regularidade geralmente acentuada em termos de freqüência.

            Esse método fundamenta-se nos conjuntos de procedimentos apoiados na teoria da amostragem. E, com tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade social, onde quer que se pretendam medir o grau de correlação entre dois ou mais fenômenos.

            A função essencial desse método é a representação e explicação sistemática das observações quantitativas numéricas relativas a fatores oriundos das Ciências Sociais, como padrão cultural, comportamental, condições ambientais, físicas, psicológicas, econômicas etc., que ocorrem em determinada sociedade, ou de fenômenos de diversas naturezas pertencentes a outras ciências como na Física, Química, Biologia, entre outras. São aqueles fatos que envolvem uma multiplicidade de causas e por fim são representados sob forma analítica, geralmente através de gráficos, tabelas, quadros estatísticos.

            Para o emprego desse método, necessariamente, o pesquisador deve ter conhecimento das noções básicas de estatística e saber como aplicá-la.

            O método estatístico fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação. Porém, as explicações obtidas mediante a utilização do método estatístico não podem ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de boa probabilidade de serem verdadeiras.

            Mediante a utilização de testes estatísticos, torna-se possível determinar, em termos numéricos, a probabilidade de acerto de determinada conclusão, bem como a margem de erro de um valor obtido. Portanto, o método estatístico passa caracterizar-se por razoável grau de precisão, o que o torna bastante aceito por parte dos pesquisadores com preocupação de ordem quantitativa.

            Os procedimentos estatísticos fornecem considerável reforço às conclusões obtidas, sobretudo mediante a experimentação, a observação, a análise e prova.

            Abrange o universo dos elementos ou uma amostra. Os métodos e técnicas de amostragem, quando bem empregados, dão condições para se chegar a conclusões válidas e previsões muito próximas da realidade, com pequena margem de erro.

2.3.3 – Método fenomenológico

            Husserl foi criador do método fenomenológico, que não foi concebido para ser dedutivo, nem empírico; constituindo na descrição do fenômeno, tal como ele se apresenta, sem reduzí-lo a algo que não aparece, considera como fundamental a relação.

            O método fenomenológico consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está perante a consciência, o objeto. Conseqüentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objetivo. Interessa ao pesquisador imediatamente não o conceito subjetivo, nem uma atividade do sujeito (se bem que esta atividade possa igualmente se tornar em objeto da investigação), mas aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado, odiado, etc.

            Streubert e Carpenter (1995) argumentam que o pesquisador pode fazer-se três questionamentos, cujas respostas positivas podem auxiliá-lo a decidir se o método fenomenológico é ou não o mais apropriado:

a)      Existe uma necessidade de maior clareza no fenômeno selecionado? Talvez exista pouca coisa publicada, ou o que exista precise ser descrito em maior profundidade.
b)      Será que a experiência vivida e compartilhada é a melhor fonte de dados para o fenômeno de interesse? Dado que o método básico de recolha é a voz da pessoa que vive um dado fenômeno, o pesquisador deve determinar se esta abordagem lhe dará os dados mais ricos e mais descritivos.
c)      Os recursos  disponíveis, o tempo para o término da pesquisa e o próprio estilo pessoal do pesquisador e sua habilidade para se envolver no método de forma rigorosa seguem os requisitos para um trabalho científico?

            A utilização ou não do método fenomenológico irá, pois, nascer de uma investigação prévia sobre o objeto de estudo e as pretensões do pesquisador quanto ao tipo de informação que mais lhe interessa.

            Quanto ao papel dos participantes numa pesquisa fenomenológica, Martins, Boemer e Ferraz (1990) argumentam que, ao realizá-la, a primeira preocupação que se apresenta para o pesquisador é em geral a proposição do problema. Entretanto, na pesquisa fenomenológica, o problema do pesquisador está consubstanciado em dúvidas e não em hipóteses prévias; logo, ele deverá interrogar os sujeitos para conseguir respostas a essas dúvidas

3 – O QUE É UM PROJETO DE PESQUISA?

            A pesquisa científica deve ser planejada, antes de ser executada. Isso se faz através de uma elaboração que se denomina “projeto de pesquisa”. O projeto de pesquisa é um documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação científica de ser realizado, ou seja, estabelece um caminho eficaz que conduza ao fim desejado.

            Talvez uma das maiores dificuldades, de quem se inicia na pesquisa científica, seja a de imaginar que basta um roteiro minucioso e detalhado para seguir e logo a pesquisa estará realizada. Na verdade o roteiro existe: são as diversas fases do método. Entretanto, uma pesquisa devidamente planejada, realizada e concluída, não é um simples resultado automático de normas cumpridas ou roteiro seguido. Mas deve ser considerada como obra de criatividade, que nasce da intuição do pesquisador e recebe a marca de sua originalidade, tanto no modo de compreendê-la como de comunicá-la.

            As fases do método podem ser vistas como indicadoras de um caminho, dando, porém, a cada um a oportunidade de manifestar sua iniciativa e seu modo próprio de expressar-se.

            Embora enfatizando o valor da criatividade, convém lembrar que a pesquisa científica não pode ser fruto apenas da espontaneidade e intuição do indivíduo, mas exige submissão tanto aos procedimentos dos métodos como aos recursos da técnica. O método é o caminho a ser percorrido, demarcado, do começo ao fim, por fases ou etapas.

            Em outras palavras, o projeto de pesquisa é o planejamento de uma pesquisa, ou seja, a definição dos caminhos para abordar uma certa realidade, por conseguinte, deve oferecer respostas do tipo: o que pesquisar? (tema); por que pesquisar? (justificativa); Como pesquisar? (metodologia); Quando pesquisar? (cronograma); Por quanto? (orçamento).

3.1 – COMO ELABORAR UM PROJETO DE PESQUISA

            Existem vários padrões/normas estabelecidos orientando a forma de como se deve elaborar um projeto de pesquisa, cada qual adaptado a uma realidade/instituição. No entanto, independentemente da norma, a estrutura básica é a mesma.

            O caminho recomendado na construção de um projeto de pesquisa deve ter as seguintes partes:
            1 – Introdução (contextualização)
                        - Tema (delimitação do assunto)
                        - Problema
                        - Objetivos (Geral e específicos)
                        - Justificativa.
            2 – Revisão bibliográfica
            3 – Metodologia
                        - População
                        - Plano de amostragem
                        - Coleta de dados
                        - Análise e interpretação dos resultados
            4 – Cronograma
            5 – Referências bibliográficas.

3.1.1 – Introdução

            Iniciar o trabalho, contextualizando de forma sucinta, o tema de sua pesquisa. Contextualizar significa abordar o tema de forma a identificar a situação ou o contexto no qual o problema a seguir será identificado. É a introdução do leitor ao tema, onde se encontra o problema, de forma a permitir-lhe uma visualização situacional do problema.

            Exemplo de Tema: Ensinar ou construir o conhecimento pela pesquisa: articulando a prática na formação do sujeito com competência pessoal, profissional e social.

            Problema – A seguir, afunilar a visão macro do tema, para o problema a ser pesquisado. Concentrar-se somente no problema e identificá-lo claramente. Delimitar que aspectos ou elementos do problema que o aluno vai abordar. Ser claro e preciso nesta parte. Lembrar-se: a identificação e delimitação clara do problema é o primeiro passo para aprovação do projeto e êxito na sua execução.

            Exemplo de problema: Ensinar ou construir. Como os profissionais da educação universitária, que atuam em cursos de formação, pensam e articulam a prática na formação do sujeito com competência pessoal, profissional e social?

            Objetivos – Indicar, de forma clara e exatamente, o que se quer fazer, que metas quer alcançar com a pesquisa, desdobrando em:

            Objetivo geral – Identificar de forma genérica qual objetivo deve ser alcançado.

            Exemplo de objetivo geral: - analisar os princípios norteadores da prática pedagógica dos docentes que atuam em cursos de formação, e sua articulação com o processo de (des) (re) construção do conhecimento pela pesquisa;

            Objetivos específicos - Listar os objetivos específicos que deverão ser alcançados pela execução da proposta de pesquisa.

            Exemplo de objetivo específico: - elaborar um diagnóstico sobre as estratégicas didáticas que permeiam a prática docente daqueles que atuam em cursos de formação.

            Justificativa – Justificar técnica, científica e socialmente a proposta, explicitando argumentos que indiquem que a pesquisa é significativa, importante ou relevante.

3.1.2 – Revisão Bibliográfica
            A revisão bibliográfica constitui-se na análise comentada dos trabalhos realizados na matéria de enfoque de sua pesquisa.

3.1.3 – Metodologia

            Método, maneira. São ferramentas que se vai lançar mão para resolver o problema; em outras palavras, deve-se indicar como pretende executá-lo. Caso seja uma pesquisa qualitativa, de que maneira pretende coletar e analisar os dados qualitativos (observação/entrevistas, etc.). Se for uma pesquisa quantitativa, de que maneira irá coletar os dados. Apresente em linhas gerais o método a ser utilizado para a execução da pesquisa, destacando:

            População e amostragem – deve-se identificar a população da qual está retirando a amostra. Exemplo: se a pesquisa envolve os ex-alunos de Contábeis de 1990, sua população é o número total destes ex-alunos, por exemplo, em 1990 formaram-se 77 alunos. Caso decida fazer uma amostragem de 30%, então a amostra para fins de pesquisa será de 23 alunos.

            Coleta de dados – neste item, indica-se como irá operacionalizar a coleta dos dados, se através de questionário (enviado pelo correio ou pessoalmente); entrevistas; observações (anotando os resultados da reação em tempos pré-determinados), etc.

            Análise e Interpretação dos resultados – descrever como serão analisados os resultados da pesquisa (se qualitativa, as respostas podem ser interpretadas global ou individualmente; se a pesquisa for quantitativa, provavelmente irá utilizar a estatística).

3.1.4 – Cronograma

            Relacionar cada parte ou fase da pesquisa, vinculando-a ao tempo necessário para executá-la.

            Não existe um modelo padrão que possa ser generalizado para todas as pesquisas, devido a variedade dos tipos de pesquisas vistos anteriormente. A data de início e fim dos trabalhos estão vinculadas ao semestre que será desenvolvido o trabalho de pesquisa.

3.1.5 – Referências Bibliográficas
            Todas as citações feitas no texto deverão ser arroladas no final do trabalho. Utilizar as Normas da ABNT para padronizar as referências bibliográficas.

            4 – AS ETAPAS DA PESQUISA

            A pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico em busca de respostas para problemas ainda não solucionados.

            O planejamento e a execução de uma pesquisa fazem parte de um processo sistematizado que compreende etapas que podem ser detalhadas da seguinte forma:

4.1 – ESCOLHA DO TEMA (O Que?)

            Este é o momento em que o pesquisador deve responder à pergunta “O que se pretende abordar?” O tema é um aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se deseja provar ou desenvolver. Escolher um tema significa eleger uma parcela delimitada de um assunto, estabelecendo limites ou restrições para o desenvolvimento da pesquisa pretendida.

            A definição do tema pode surgir com base na observação do cotidiano, na vida acadêmica ou profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas, na interação de pesquisas já realizadas e em estudo da literatura especializada.

            A escolha do tema em um curso de Graduação ou Pós-graduação, está relacionada à área a qual o investigador está vinculado ou à linha de seu orientador.

            Devem ser levadas em consideração, na escolha do tema, a atualidade e relevância, o conhecimento a respeito, a preferência e a aptidão pessoal para lidar com o tema escolhido.

4.2 – REVISÃO DA LITERATURA

            Nesta fase, o sujeito investigador deve responder às seguintes questões: Quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto, que aspectos já foram abordados, quais as lacunas existentes na literatura?

            A revisão de literatura é fundamental, porque fornecerá elementos para evitar-se a duplicação de pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema. Favorece a definição de contornos mais precisos do problema a ser estudado.

4.3 – JUSTIFICATIVA (Por quê?)

            É o momento em que o pesquisador deve refletir sobre “o porquê” da realização da pesquisa, procurando identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e sua importância em relação a outros temas. Pergunte-se: o tema é relevante e, se é, por quê? Quais os pontos positivos que você percebe na abordagem proposta? Que vantagens e benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar? A justificativa deve convencer quem for ler o projeto, com relação à importância e à relevância da pesquisa proposta.

4.4 – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

            Aqui, o aluno será refletir sobre o problema que pretende resolver na pesquisa, se é realmente um problema e se vale a pena tentar encontrar uma solução para ele. A pesquisa científica depende da formulação adequada do problema, isto porque objetiva buscar sua solução.

            Para melhor situar a escolha do problema, pergunta-se:
1)      Trata-se de um problema original e relevante?
2)      Ainda que seja “interessante”, é adequado para mim?
3)      Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?
4)      Existem recursos financeiros para o estudo?
5)      Há tempo suficiente para investigar tal questão?

4.5 – DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS (Para quê?)

            Neste campo, você deve sintetizar o que pretende alcançar com a pesquisa. Os objetivos devem estar coerentes com a justificativa e o problema proposto. O objetivo geral é a síntese do que se pretende alcançar, e os objetivos específicos explicitam os detalhes e são desdobramentos do objetivo geral. Os objetivos informam quais os resultados que se pretende alcançar ou qual a contribuição que a pesquisa vai efetivamente proporcionar.
 
            Os objetivos devem começar por verbos no Infinitivo, conforme quadro a seguir:

Quadro n° 03: Verbos usados para determinar estágio cognitivo

VERBOS USADOS PARA DETERMINAR OS OBJETIVOS

Conhecimento
Compreensão
Aplicação
Análise
Síntese
Avaliação
Apontar
Arrolar
Definir
Enunciar
Inscrever
Registrar
Relatar
Repetir
Sublinhar
Nomear
Descrever
Discutir
Esclarecer
Examinar
Explicar
Expressar
Identificar
Localizar
Traduzir
Transcrever
Aplicar
Demonstrar
Empregar
Ilustrar
Interpretar
Inventariar
Manipular
Praticar
Traçar
Usar
Analisar
Classificar
Comparar
Constatar
Criticar
Distinguir
Examinar
Provar
Investigar
Experimentar
Articular
Compor
Construir
Coordenar
Reunir
Organizar
Esquematizar
Apreciar
Avaliar
Eliminar
Escolher
Estimar
Julgar
Preferir
Selecionar
Valorizar
...

4.6 – METODOLOGIA (Como?)
 
            Neste estágio, define-se onde e como será realizada a pesquisa: o tipo de pesquisa, a população, o tipo da amostragem, os instrumentos de coleta de dados e a forma como pretende tabular e analisar seus dados.

            População (universo) da pesquisa é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo. Para Gil (1999), amostra é a parte da população selecionada de acordo com uma regra ou plano. O processo pelo qual, através da amostra, são estudadas as características da população é denominado de amostragem.

            Segundo Stevenson (2001), um censo envolve o exame de todos os elementos de um dado grupo ao passo que a amostragem envolve o estudo de apenas uma parte dos elementos. A finalidade da amostragem é fazer generalizações sobre todo o grupo sem precisar examinar cada um de seus elementos.

            Um exemplo clássico de amostragem é o Exame de sangue, visto que neste processo coleta-se apenas uma pequena porção do sangue (amostra) de um indivíduo (população) e, após análise dos resultados, pode-se inferir algo sobre o paciente. Importante destacar que a informação obtida com base em uma amostra só pode ser estendida para a população de onde a amostra proveio. Além disso, utilizam-se amostras por economia de tempo, de dinheiro e maior precisão.
 
            O processo de amostragem pode ser Probabilístico e Não-Probabilístico.
 
            Num processo de Amostragem Probabilística todos os elementos da população têm a mesma probabilidade de serem sorteados para compor a amostra a ser pesquisada. Por ser estatisticamente mais confiável, é a mais utilizada, até porque somente pode-se generalizar o resultado de uma amostra se o processo de amostragem for probabilístico. Em outras palavras, para tirarmos conclusões sobre a População há necessidade do processo probabilístico, pois somente com este poderemos avaliar a probabilidade de erro. Cabe ressaltar que, em alguns casos, a amostragem não-probabilística proporciona uma alternativa útil para a amostragem probabilística.
 
            Dentre os tipos de amostragem probabilística cita-se:
1)      Amostragem casual simples;
2)      Amostragem sistemática;
3)      Amostragem estratificada;
4)      Amostragem por conglomerados.

            Amostragem Casual Simples (ou ao acaso) – os elementos são escolhidos para formar a amostra por processo casual, aleatório ou por sorteio;

            Amostragem Sistemática – os elementos são escolhidos para formar a amostra por critérios estabelecidos a priori pelo pesquisador. Genericamente sorteia-se o primeiro elemento e os demais são retirados numa progressão aritmética de ordem, a partir do primeiro elemento sorteado, usando uma certa razão “r”, até completar o total de elementos da amostra.

            Amostragem estratificada – Obtém-se quando a população está dividida em estratos, no caso, segundo a qualificação (diretoria, escritório, oficina, etc.). Imagine os empregados de uma indústria. Como obter uma amostra? Tira-se uma amostra casual ou sistemática de cada estrato; esta pode ser uniforme, quando os estratos possuem tamanhos aproximadamente iguais; então se retira o mesmo numero de elementos de cada estrato. Proporcional quando possuem tamanhos diferentes, e então se extrai os elementos de acordo com o tamanho de cada estrato.

            Amostragem por Conglomerados – Quando a População apresenta uma subdivisão em grupos menores (denominados conglomerados), sorteia-se um número diferente de conglomerados e os elementos desses conglomerados sorteados vão compor a amostra. Convém usar esse processo quando é difícil (ou impossível) selecionar os elementos da População, mas é fácil sortear os conglomerados; muitas vezes, este tipo de amostragem é utilizado por motivo de ordem.

            Num processo de Amostragem não-probabilística, existem elementos sem chance de pertencer a amostra, (P = 0). Dentre os processos de amostra não-probabilística cita-se:
-          Amostragem a Esmo – é um processo de seleção sem critérios;
-          Amostragem por julgamento – neste caso, julga-se que determinados elementos são importantes para a composição da amostra e determina-se quem será pesquisado. Neste processo há certa carga de subjetividade.
-          Amostragem por conveniência – é a forma mais comum dos procedimentos não-probabilísticos. Os elementos são escolhidos por serem acessíveis, mais articulados ou mais fáceis de serem avaliados.

            No delineamento amostral pode haver a combinação de diferentes técnicas de amostragens. Exemplos:
ð  Num processo de amostragem estratificada, viu-se anteriormente que se escolhe o n° de elementos proporcional ao tamanho de cada estrato. Neste caso, define-se a quantidade, mas como serão selecionados estes elementos dentro de cada estrato. Pode-se, neste caso, utilizar na seqüência um processo de amostragem casual, ou seja, por sorteio.
ð  Em um processo de amostragem por conglomerados, depois de sortearem-se os conglomerados e o n° de elementos que vão compor a amostra de cada conglomerado, pode-se diretamente sortear estes elementos, ou ainda aplicar um procedimento de amostragem estratificada caso se verifique/identifique que os conglomerados estão divididos em partes.

            Definido o procedimento amostral, volta-se a necessidade de identificar quantos elementos são necessários para compor a amostra. Existem diversas maneiras de determinarmos o tamanho de uma amostra, todas levam em consideração três fatores importantes: 1) a amplitude do universo; 2) o nível de confiança estabelecido; 3) a margem de erro permitido.

            Com relação à amplitude do universo, este pode ser finito ou infinito. Considera-se universo finito aquele cujo tamanho da população não supera a 100.000 elementos.

            Nível de confiança é a probabilidade de que a amostra seja representativa do universo.
            Margem de erro é a diferença entre o valor obtido na amostra e o valor do universo.

            Deve-se levar em conta que, em qualquer pesquisa, os resultados obtidos através de amostras não são rigorosamente exatos em relação ao universo, ou seja, nunca se pode afirmar com 100% de certeza num resultado. Esta margem de erro normalmente varia entre 3% a 5%.

            Exemplo: Em uma pesquisa de satisfação realizada com uma amostra de clientes da loja ALFA verificou-se, a um nível de confiança de 95% e uma margem de erro estimada de 5%, que 80% destes clientes amostrados, consideram o “atendimento” praticado na loja como “muito bom”, podendo haver uma variação de opinião entre 75% a 85% (margem de erro para mais ou para menos da média encontrada).

4.7 – COLETA DE DADOS

            É a pesquisa de campo propriamente dita. Para obter êxito neste processo, duas qualidades são fundamentais: a paciência e a persistência.

4.7.1 – Instrumentos de coleta de dados

            A definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado.

            Os instrumentos de coleta de dados tradicionais são: 1) a Observação; 2) a Entrevista; 3) o Questionário; 4) o Formulário.

4.7.1.1 – A OBSERVAÇÃO: Quando são utilizados os sentidos na obtenção de dados de determinados aspectos da realidade. Esta pode ser:
ð  Observação assistemática – não tem planejamento e controle previamente elaborados, é espontânea, livre e informal;
ð  Observação sistemática – tem planejamento, realiza-se em condições controladas para responder aos propósitos pré-estabelecidos;
ð  Observação não-participante – o pesquisador presencia o fato, mas não participa;
ð  Observação individual – realizada por um único pesquisador;
ð  Observação em equipe - feita por um grupo de pessoas. Apresenta vantagens uma vez que os dados coletados podem ser confrontados entre os membros da equipe;
ð  Observação na vida real – registro de dados/fatos reais à medida que ocorrem;
ð  Observação em laboratório – onde tudo é controlado.

4.7.1.2 – A ENTREVISTA: É a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser:
ð  Padronizada ou estruturada – roteiro previamente estabelecido;
ð  Despadronizada ou não-estruturada – não existe rigidez de roteiro. Pode se explorar mais amplamente algumas questões.

4.7.1.3 – O QUESTIONÁRIO: É uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções. As instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o preenchimento.

            Recomendações úteis à construção de um questionário:
ð  O questionário deve ser construído em blocos temáticos obedecendo uma ordem lógica na elaboração das perguntas;
ð  A redação das perguntas deve ser feita em linguagem compreensível ao informante. A linguagem deve ser acessível ao entendimento da média da população estudada. A formulação das perguntas deve evitar a possibilidade de interpretação dúbia, sugerir ou induzir a resposta;
ð  Cada pergunta deve focar apenas uma questão para ser analisada pelo informante;
ð  O questionário deve conter apenas perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa. Devem ser evitadas perguntas que, de antemão, já se sabe que não serão respondidas com honestidade.

            As perguntas do questionário podem ser:
ð  Abertas – o entrevistado responde livremente o que pensa sobre o assunto questionado. Ex.: Qual a sua opinião sobre a qualidade dos serviços da empresa ALFA?
ð  Fechada/simples – neste caso são fornecidas duas ou mais alternativas de respostas ao entrevistado, sendo apenas uma resposta possível. Ex.: Em qual município você reside? (  ) Bagé;  (  ) Caçapava do Sul;  (  ) Lavras do Sul;  (  ) São Gabriel.
ð  Semi-aberta – É uma combinação de uma pergunta fechada e uma aberta. Inicialmente o entrevistado responde a questão assinalando uma das opções e depois complementa a resposta através de uma justificativa. Ex.: Na sua opinião, o nível dos debates entre os candidatos à Presidência da República, é: 1.(  ) Excelente; 2.(  ) Muito bom; 3.(  ) Bom; 4.(  ) Regular; 5.(  ) Insuficiente; Por que?............................. .
ð  De múltiplas escolhas/compostas – Fechadas com uma série de respostas possíveis. É facultativa a indicação do número de alternativas a serem assinaladas na resposta.
      Exemplo 01: Como você ficou sabendo do vestibular da URCAMP: 1.(  ) Jornais;
      2.(  ) Rádio; 3.(  ) Panfletos/Faixas; 4.(  ) Televisão; 5.(  ) Escola; 6.(  ) Outros.
Exemplo 02: Quais os motivos que levaram você a escolher o curso que está             freqüentando? 1.(  ) Atividade profissional; 2.(  ) Calor do Curso; 3.(  ) Forma de   pagamento; 4.(  ) Qualidade de ensino; 5.(  ) Influência de outras pessoas; 6.(  ) Não ter  outra opção na região; 7.(  ) Outros.
ð  Matriz de resposta – Tipo de questão onde são obtidas várias respostas na mesma pergunta, para tanto se elabora um quadro para facilitar a resposta do entrevistado. Ex.: Qual o seu grau de satisfação com o atendimento neste supermercado:

SETOR
GRAU DE SATISFAÇÃO
 
M. Satisfeito
Satisfeito
Indiferente
Insatisfeito
M. Insatisfeito
Açougue
 
 
 
 
 
Padaria
 
 
 
 
 
Caixa
 
 
 
 
 
Feira
 
 
 
 
 

4.7.1.4 – FORMULÁRIO – É uma coleção de questões e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a outra pessoa (o informante).
 
            O instrumento de coleta de dados escolhido deve proporcionar uma interação efetiva entre você, o informante e a pesquisa que está sendo realizada. Para facilitar o processo de tabulação de dados por meio de suportes computacionais, as questões e suas respostas devem ser previamente codificadas.

            A coleta de dados está relacionada com o problema, a hipótese ou os pressupostos da pesquisa e objetiva obter elementos para que os objetivos propostos na pesquisa possam ser alcançados. Neste estágio, escolhem-se também as possíveis formas de tabulação e apresentação de dados e os meios (os métodos estatísticos, os instrumentos manuais ou computacionais) que serão usados para facilitar a interpretação e análise dos dados.

            Segundo Oliveira (2003) existem vantagens e desvantagens da aplicação de um formulário comparativamente a um questionário as quais se encontram dispostas no quadro abaixo.
 
Quadro n° 02: Vantagens e desvantagens entre

Formulário x Questionário

VANTAGENS
DESVANTAGENS
Pode ser utilizado em quase todos os segmentos da população: analfabetos e alfabetizados;
A possibilidade de o aplicador, pela sua presença, influenciar as respostas;
Possibilidade de o pesquisador realizar inferências em virtude de sua presença física;
O informante pode se sentir constrangido para responder a algumas perguntas devido à presença do aplicador;
Permite maior compreensão e, também, maior uniformidade dos dados obtidos;
Maior consumo de recursos na obtenção de dados, que precisam ser colhidos pessoa a pessoa;
Permite a obtenção de dados mais complexos e de maior utilidade.
O informante tem menos tempo para responder às perguntas, o que pode fazer com que fique faltando responder a algumas.

            Importante destacar que tanto o Questionário como o Formulário necessita ser testado para que o pesquisador possa avalia sua eficácia na obtenção dos dados. Não encontrando erros os dados coletados podem ser aproveitados. Verificando-se erros que possam prejudicar os objetivos da pesquisa, estas questões/itens devem ser corrigidas, reformuladas, ampliadas, ou8 eliminadas, desconsiderando-se os questionários aplicados anteriormente. Neste caso deve-se realizar novamente um pré-teste.

4.8 – TABULAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

            Para organizar os dados obtidos na pesquisa de campo, pode-se lançar mão de recursos manuais ou computacionais. Atualmente com o advento da informática, é natural que se escolham os recursos computacionais para dar suporte à elaboração de índices e cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos.

4.9 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

            Esta é a fase em que o pesquisador interpreta e analisa os dados que tabulou e organizou na etapa anterior. A análise deve ser feita para atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar as hipóteses ou os pressupostos da pesquisa.

4.10 – CONCLUSÃO DA ANÁLISE E DOS RESULTADOS OBTIDOS

            Nesta etapa, já se tem condições de sintetizar os resultados obtidos com a pesquisa. Deve-se explicitar se os objetivos foram atingidos, se as hipóteses ou os pressupostos foram confirmados ou rejeitados. E, principalmente, deve-se ressaltar a contribuição da pesquisa para o meio acadêmico ou para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

4.11 – REDAÇÃO E APRESENTAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO

            Nesta etapa, o pesquisador deve redigir o relatório de pesquisa: monografia, dissertação ou tese. Azevedo (1998) argumenta que o texto deve ser escrito de modo apurado, isso é, “(...) gramaticalmente correto, fraseologicamente claro, terminologicamente preciso e estilisticamente agradável” . Normas de documentações da ABNT devem ser consultadas visando à padronização das indicações bibliográficas e a apresentação gráfica do texto.

            As etapas aqui identificadas e as orientações feitas devem servir de guia à elaboração de sua pesquisa e não como uma “camisa-de-força”. Entretanto, não devem impedir sua criatividade ou causar dificuldades à elaboração da pesquisa. A intenção é fornecer orientações básicas à elaboração de uma investigação científica.

5 – O RELATÓRIO DE PESQUISA

            Assim como no caso do planejamento de uma pesquisa científica, também é importante a definição de um padrão para o registro dos resultados de conclusões. Isso facilita a comunicação dos achados e a posterior verificação de todo o processo, servindo de base para a publicação dos mesmos em congressos, periódicos ou mesmo em livros. Os elementos básicos para isso são apresentados a seguir.

5.1 – INTRODUÇÃO

            Apresentação do tema a ser estudado – o suficiente para deixar claros todos os aspectos relevantes:
-          Justificativa – explicar porque o tema é importante, qual sua relevância social;
-          Problema – explicitar qual é o problema da pesquisa;
-          Objetivos – enumerar os objetivos da investigação, isto é, aquilo que se quer descobrir com a pesquisa, a pergunta a ser respondida, enfim, qual a contribuição a ser realizada em termos de previsão e/ou controle.
-          Partes constituintes da pesquisa (capítulos, seções).

5.2 – REFERENCIAL TEÓRICO

            Capítulo ou seção onde é explicitado todo o conhecimento que se tem sobre o tema a ser investigado, partindo, principalmente, das hipóteses (ou prováveis respostas dadas ao problema levantado).

5.3 – METODOLOGIA

            Um detalhamento completo dos sujeitos (ou da amostra), materiais coletados (questionários, testes, instrumentos) e procedimentos de pesquisa a serem adotados.

5.4 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS OU RESULTADOS

  • Análise documental – Explicar quais os dados analisados, resumir os pontos principais referentes à função, filosofia e objetivos do tema da pesquisa.
  •  Resultados – Apresentar um resumo das constatações encontradas durante as análises e suas reflexões respondendo ao problema de pesquisa.
  • Resultados: As informações produzidas diretamente a partir do tratamento dos   dados (organização, transformação e análise), ou seja, tabelas, gráficos, texto   detalhando os achados, enfim, os resultados diretos, secos, desprovidos de  interpretação.
  •  Discussão: Uma reflexão acerca da interpretação teórica e do significado dos                              resultados.

5.5 – CONCLUSÃO
  • Desafios – Indicar quais as ausências e os problemas encontrados que geraram desafios a serem enfrentados.
  • Perspectivas – Indicar as perspectivas que se inferem para um futuro próximo.
  • Sugestões – Apresentar pro postas ou sugestões para vencer os desafios, ou para se realizarem novas pesquisas.
5.6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

            Indicar os livros, revistas, periódicos, vídeos, DVDs, monografias, outros trabalhos, entrevistas, documentos e sites consultados.

BIBLIOGRAFIA

BARROS, Aidij Jesus Paes de.Um guia para a iniciação científica.São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
COSTA, Marco Antônio F. da. Metodologia da pesquisa: conceitos e técnicas. Rio de Janeiro: Interciência, 2001.
DEMO, Pedro.  Introdução a metodologia da ciência.  São Paulo: Atlas, 1994.
___________. Pesquisa e construção do conhecimento: metodologia científica no caminho de Habernas.  Rio de janeiro: Templo Brasileiro, 1996.
GONÇALVES, Elisa Pereira.  Conversa sobre pesquisa científica. Campinas, SP: Editora Alínea, 2001.
KOCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica teoria da ciência e prática de pesquisa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
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MARCANTONIO, Antônia Terezinha. Elaboração e divulgação do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1993.
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MAZZOTTI, Alda Judith Alves. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1999.
RUDIO, Vitor Frans.  Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 1986.
SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. Rio de Janeiro: DP&A editora, 1999.