Manuel Coutinho Carmo Bucar Corte Real, SE, M.Ec.

Chefe Departamento de Ciência da Economia da FE da UNTL, Fevereiro-Setembro de 2000, Decano da FE da UNTL, Setembro de 2000 até Agosto de 2006, Inspector Geral do Estado, Agosto de 2006-Setembro de 2007, -Comissario Adjunto da CAC de Timor-Leste (2010 - 2018),
Docente Senior da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Nacional de Timor Loro-Sa´e
(Mês de Junho de 2000 até presente, 2023)

O Mundo de Informações

Aglomeração de população e de indústria na sociedade urbana

(uma perspectiva académica sobre a ASEAN)

Muitas das populações do mundo foram-se aglomerando e criando centros urbanos ao longo do tempo. Conforme o relatório das Nações Unidas (NU), já quase metade dos habitantes vivem nas cidades urbanas (UN, 1988:2). O relatório introduz algumas projecções, tais como:
(1) depois do ano de 2000, pela primeira vez da história do mundo, as taxas das populações citadinas, irão aumentar mais do que as populações rurais.
(2) No ano de 2030, estima-se que cerca de 3 a 5 pessoas irão habitar nas áreas urbanas, quer sejam as cidades pequenas, quer sejam as cidades grandes e as metropolitanas.

Alguns peritos argumentaram, que, a partir do ano de 2010, testemunharemos um aumento considerável das populações urbanas maior, o qual ultrapassará claramente as taxas das populações rurais. Este será o maior aumento da história mundial (Clark, 1996).

As urbanizações das nações do Sudeste Asiático são maiores do que as verificadas nas outras nações da Ásia, excepto na China e na Índia. Durante os últimos 15 anos, o nível de urbanização aumentou 1.9 pontos, quase duplicou (ver a tabela em baixo). Em 1995, o nível médio é de 38.77 %, continuando a ser maior do que nas outras nações de Ásia, excepto na China e na Índia. Em 2005, a maioria das nações ASEAN tinham um nível muito elevado se compararmos com a média de todas as nações da Ásia, que era de 34,7%. Entretanto, à escala global, o nível ainda era mais baixo, se compararmos com a urbanização mundial registada entre 1980 e 2005, apresentando uma percentagem de 39,6 e 45,3, respectivamente.

A década de 1995 - 2005 corresponde a um crescimento bastante acentuado das taxas de urbanização. O factor fundamental desta ocorrência encontra explicação no crescimento da industrialização de manufactoras que se localizam essencialmente nas áreas urbanas e ao redor das cidades. As indústrias manifestam tendências no sentido da aglomeração nas áreas potenciais, uma vez que lhes oferece vantagens para a satisfação das suas necessidades. Os centros urbanos oferecerem mais vantagens no que se reporta à qualidade da produtividade e rendimento mais elevado. Além disso, atraem novos investidores, tecnologias, trabalhadores qualificados e maior número de profissionais (Malecki, 1991).
Tabela : Urbanização das Nações da ASEAN, 1980, 1995 e 2005
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Nações: Nível de Urbanização (%) [1980 - 1995 - 2005]
- Tailândia: 17.00; 21.60; 32.5
- Indonésia: 22.20; 40.20; 48.1
- Filipinas: 37.50; 58.60; 62.7
- Malásia: 42.00; 62.00; 63.00
- Bruneio Darrúsalam: (1) ; 72.00; 73.5
- Camboja: 12.40; 23.50; 17.7
- Laos: 13.40; 23.60; 21.6
- Vietnam: 19.20; 19.70; 27.00
- Myanmar: 24.00; 27.70; 30.6
- ASEAN(2): 20.86; 38.77; 41.86
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(1) - Não tem dados
(2) -Não inclui Singapura. Trata-se de uma nação cuja população é 100% urbana. É uma Cidade-Estado
Depois do ano de 1995 os governos das nações do sudeste asiático estabeleceram formas políticas adequadas para criar condições de aglomeração das indústrias manufactureiras e atrair investidores estrangeiros (entre eles) e o resto do mundo para investirem nas áreas mais indicadas (necessárias). Uma das políticas estratégicas que tinha como objectivo a criação de uma “free trade zone” ou “special economic zone”(http://www.aseansec.org/). No que diz respeito a uma política estratégica, trata-se de criar facilidades e incentivos fiscais (redução das taxas) com sentido de estimular os investidores, levando-os a estabelecerem as fábricas nas zonas indicadas.
Nesta perspectiva, este tipo de orientação política criou grandes vantagens, tais como:
(1) há uma mudança positiva no crescimento económico,
(2) fornecer facilidades e infra-estruturas que são componentes básicas para as indústrias manufactureiras,
(3) criar postos de trabalho,
(4) aumentar a qualidade profissional e o rendimento dos trabalhadores,
(5) criar produtos com qualidade, orientados para a exportação; e,
(6) incentivar a economia de sectores informais.
Importa ainda referir outra vantagem e que se relaciona com os problemas ambientais: a importância de serem equacionados de forma mais eficiente. No entanto, ainda nos deparamos com muitos problemas ambientais como a poluição e o desperdício que resultam da implantação das indústrias e que prejudicam a saúde das populações que vivem mais próximo das áreas mais industrializadas.
Actualmente, a urbanização apresenta problemas consideráveis nas Filipinas, Indonésia, Tailândia etc. O impacto negativo assume dimensões diferentes se compararmos as nações mais ricas e as mais pobres. As populações urbanizadas revelam níveis inferiores de habilitações literárias e taxas elevadas de analfabetismo. Como as nações do terceiro mundo, ou subdesenvolvidas, onde ainda se enfrentam muitos problemas sociais e económicos, e que hoje em dia afectam o desenvolvimento da economia em geral e globalizada.
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ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático)
Pelo: Manuel C. C. Bucar C. Real